Encontro entre governador e presidente busca pacificar o país
O presidente Lula recebeu o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, nesta quarta-feira (11) para, oficialmente, discutir a privatização da autoridade portuária do Porto de Santos. No entanto, o encontro deve ser interpretado como uma tentativa de aproximação entre os governos federal e estadual e pacificação do clima político no país.
Iniciado quando Tarcísio era ministro da Infraestrutura do governo anterior, o processo de desestatização da Santos Port Authority (SPA), a antiga Codesp, foi interrompido logo no início do governo Lula.
Na reunião, Lula disse a Tarcísio “não ter dogmas” contra a privatização da SPA, mas ressalvou que quer “avaliar bem” os termos antes de qualquer decisão.
Mas, em ações práticas, o presidente revogou, logo em 1º de janeiro, os processos de privatização de oito estatais brasileiras: Santos Port Authority (SPA), Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. – Pré-Sal Petróleo S.A (PPSA); Empresa Brasil de Comunicação (EBC); Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev); Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep); Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro); e Armazéns e os imóveis de domínio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
As provas de que, para Lula, o foco da reunião não foi a desestatização da SPA foram a ausência do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB) e o teor da publicação do presidente sobre o encontro nas redes sociais: “Conversei hoje com o governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas. Na campanha, falei que respeitaria e trabalharia com todos os governadores, pelo bem do Brasil. É o que estamos fazendo”, afirmou.
E quem mais participou do encontro? Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que durante a campanha foi taxativo em dizer que a privatização da SPA não vai sair; e o secretário estadual de Governo, Gilberto Kassab, que também é presidente nacional do PSD.
A reunião acontece justamente no momento em que Lula busca aumentar a sua base de apoio no Congresso, negociando com partidos como o Republicanos —pelo qual Tarcísio foi eleito.
Com o encontro, Tarcísio quer deixar claro que é, sim um político conservador, mas não um radical de extrema-esquerda e busca de distanciar do bolsonarismo. Aliás, o governador já chegou a declarar que “nunca foi um bolsonarista-raiz”.