Saúde

Paralisia infantil volta a ameaçar brasileiros

07/10/2022
Reprodução

Três de cada 10 crianças brasileiras nascidas em 2021 não tomaram a vacina contra a paralisia infantil. Ao mesmo tempo, países onde a doença estava erradicada (como Estados Unidos e Israel) voltaram a ter casos da doença.

O índice de vacinação contra a poliomielite vem caindo no Brasil, ano após ano. Até 2013, a cobertura vacinal era de 100%, resultado da eficiência do Plano Nacional de Imunização (PNI) e das campanhas de conscientização, que tinha como símbolo o boneco Zé Gotinha.

A doença é considerada oficialmente eliminada do território nacional desde 1994, quando foi emitido o certificado da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS). No entanto desde 2015, o Brasil não atinge a meta de 95% do público-alvo vacinado, patamar necessário para que a população seja considerada protegida.

A queda da cobertura vacinal vem se acentuando desde 2013, quando o índice era de 100%, principalmente nos últimos três anos (84% em 2019, 76% em 2020 e 69% em 2021).

A paralisia infantil foi considerada erradicada no Brasil após as sistemáticas campanhas anuais de aplicação da vacina em gotas criada por Albert Sabin.

A vacinação contra a poliomielite foi iniciada em 1961, mas sem a abrangência e continuidade necessárias para o controle da doença. A situação só começou a mudar em 1980, com a instituição de um dia específico para a realização de uma campanha nacional de vacinação. Os resultados apareceram rapidamente: três anos depois, a incidência da doença chegou próxima a zero. O último caso de paralisia no Brasil foi em 1989, na cidade de Souza (Paraíba).

Os números da paralisia infantil no Brasil eram assustadores: entre 1968 e 1989, foram registrados 26 mil casos. Antes, foram registrados surtos

Apesar de a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação de 2022 ter sido realizada em 8 de agosto, as crianças podem ser vacinadas a qualquer momento.

 

Caso suspeito de paralisia infantil

O Ministério da Saúde que investiga uma suspeita de paralisia infantil em um menino de 3 anos de idade, do município de Santo Antônio do Tauá, no nordeste do Pará. A suspeita se dá devido à detecção do poliovírus nas fezes do paciente, em exame realizado diante da apresentação de sintomas como paralisia nos membros inferiores. A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) notificou o ministério, mas pondera que outras hipóteses diagnósticas não foram descartadas, como Síndrome de Guillain Barré.

 

 

A poliomielite no Brasil

Publicado em 2010, o livro ‘A História da Poliomielite’, revela que a primeira descrição de um surto de poliomielite no país foi descrita pelo médico Fernandes Figueira, no Rio de Janeiro. Em 1930, várias epidemias também foram registradas em São Paulo e outras capitais.

A poliomielite chamou a atenção da opinião pública no país apenas na década de 1950, quando epidemias cresceram de proporção e se espalharam por diversas cidades brasileiras —a maior já registrada no Rio, em 1953, com cerca de 746 casos.

A primeira vacina contra a poliomielite foi desenvolvida na década de 1950, pelo pesquisador e médico norte-americano Jonas Salk, contendo o vírus inativado e injetável. A segunda, em gotinhas, que traz o vírus atenuado, foi criada pelo pesquisador polonês Albert Sabin.

 

Como se pega poliomielite

A poliomielite é uma grave doença infecto-contagiosa que afeta o sistema nervoso, levando à paralisia irreversível em algum dos membros, sendo as pernas acometidas com maior frequência. Entre os pacientes que sofrem de poliomielite paralítica, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.

A poliomielite é transmitida no contato direto com pessoas infectadas, por meio da secreção expelida pela boca, mucos e catarros, ou fezes. O vírus passa pela boca, espalhando-se pela garganta e intestino, local onde fica hospedado. Ao atingir a corrente sanguínea, o vírus chega ao cérebro e compromete o sistema nervoso central, levando a paralisia dos membros inferiores.

A poliomielite pode causar inclusive a morte, caso o vírus alcance as células nervosas que controlam os músculos de deglutição e respiração.

Embora seja mais comum em crianças, a pólio pode atingir adultos que não tomaram a vacina.

 

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