Fronteiras da Ciência

Observando o céu

02/06/2023
Observando o céu | Jornal da Orla

Ela nunca havia parado para pensar nisso. Aceitou tão facilmente a verdade, o clichê de que o céu é azul, que acabou esquecendo a variedade de cores possíveis no zimbório terreno.

Numa escola de ensino fundamental, uma menina de 7 anos faz um desenho de uma paisagem com tintas coloridas. Era uma das tarefas daquele dia.

A menina se esmerou com a palheta de cores, e produziu, empolgada, sua obra de arte. Ansiosa, foi mostrar à professora.

Ao ver a pintura, a educadora notou algo estranho já de súbito.

Disse baixinho um “muito bem”, para incentivar a criança.

Os trabalhinhos seriam expostos no outro dia no mural da escola.

No intervalo para o lanche, a professora não se conteve, pegou o desenho e foi mostrar às outras professoras. Ela queria outras opiniões sobre aquilo.

O que será que ela quis dizer com isso? Isso deve estar mostrando algum sentimento, algo que ela tem guardado. O que será?

As amigas de profissão não souberam dizer. Algumas disseram que não era nada, que não deveria se preocupar. Mas ela estava encafifada.

Voltou à sala de aula, e resolveu que, ao final do período, iria conversar com a menina e perguntar a ela o que significava.

Chamou-a então, com discrição, à sua mesa e perguntou, com a pintura na mão:

Querida, você pode explicar algo para mim? Se o céu é azul, por que você desenhou um céu cor-de-rosa?

-Mas o céu não é azul, professora! – Respondeu ela, com educação.

-Quem diz que o céu é azul é analfabeto de céu! Ontem, no final da tarde, o céu atrás de minha casa estava assim, rosa. Esses dias vi um céu laranja! À noite ele é sempre preto, ou azul escuro, mas de dia ele pode ser cinza claro, cinza escuro, vermelho. Sabe, uma vez vi uma tempestade tão grande no céu, que ela chegou a pintar o céu de verde! Não é todo mundo que acredita, mas eu vi, era verde.

A menina fez um verdadeiro discurso sobre as cores do céu, deixando boquiaberta a professora desatenta.

Ela nunca havia parado para pensar nisso. Aceitou tão facilmente a verdade, o clichê de que o céu é azul, que acabou esquecendo a variedade de cores possíveis no zimbório terreno.

Percebeu então como as crianças têm uma sensibilidade admirável, e que muito tinha a aprender com elas.

Com certeza, na próxima vez, antes de achar que possa existir algum problema numa criança, iria se analisar, para perceber se não era sua sensibilidade que precisava de escola.

[com base na Red. do Momento Espírita]

Da mesma forma como nem sempre o céu é azul, cada criança tem suas particularidades, e os educadores precisam estar atentos a elas.

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