Na magistral cena final do filme “A lista de Schindler”, Oskar Schindler, interpretado por Liam Neeson, é homenageado por milhares de judeus e é presenteado com um anel de ouro.
A inscrição na joia dizia, em hebraico: “Aquele que salva uma vida salva o mundo inteiro”.
Schindler foi responsável por salvar do extermínio nazista quase 1.200 judeus. Negociante, dono de empresas, conseguiu comprar a liberdade de muitas vidas.
Na cena cinematográfica, apresentada por Steven Spielberg, em 1993, o comerciante alemão simplesmente cai em pranto, ao perceber que poderia ter salvo mais vidas.
Fala baixinho, entre lágrimas, para o amigo e contador Izac Stern: –Eu poderia ter tirado mais, eu poderia ter salvado mais um.
O amigo pede que ele olhe em volta, aquelas quase 1.200 pessoas que ele havia salvo.
Schindler então reflete sobre a sua própria vida: –Eu desperdicei tanto dinheiro em minha vida. Se eu tivesse guardado um pouco mais, poderia ter tirado mais alguns de lá -referindo-se a Auschwitz.
Izac, agradecido, lhe diz: –Gerações inteiras irão viver graças ao que você fez.
Ainda emocionado, replica Schindler: –Sinto que não fiz o suficiente.
[com base na Red. do Momento Espírita]
Há duas chamas que jamais podem se apagar dentro de nossa alma. Uma que tem como combustível aquilo que já conseguimos alcançar até aqui: uma chama que mistura gratidão, reconhecimento e autoconhecimento.
Há, no entanto, uma segunda, que também precisa ser mantida acesa: aquela que nos mostra tudo que ainda podemos fazer.
As duas precisam iluminar a alma constantemente.
Precisamos acolher aquilo que já somos, a melhor versão de nós mesmos. Acolher aquilo que conquistamos, as pequenas vitórias, sem tratá-las como insignificantes.
- Schindler poderia apenas olhar números, proporções matemáticas e concluir que 1.200 entre 960 mil, número estimado de judeus que morreram em Auschwitz, seria pouco, quase nada.
Porém, foram 1.200 vidas que, conforme o amigo bem ressaltou, seriam responsáveis por gerações posteriores.
Mesmo que tivesse sido uma só. Um ato de amor, um ato de desprendimento é tão maior do que a indiferença, tão maior do que o medo, a covardia, que não é possível ser medido em tamanho. Por esse motivo, comparações são delicadas.
Vale a reflexão sobre a segunda chama, a que sustenta a vontade do que ainda podemos fazer.
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