Que são títulos, honrarias, riquezas ante a enfermidade e a morte?
Um príncipe, muito orgulhoso de sua realeza, foi, numa manhã, cavalgar por seus domínios.
Suas terras eram bastante vastas e ele cavalgou através de vales e montanhas.
Andou por colinas e prados, gozando a vaidade de ser senhor de tão larga extensão de terras.
A certa altura do seu caminho, viu um velho eremita, sentado diante de uma gruta. Ele trazia nas mãos uma caveira humana e a contemplava com atenção.
Ao passar por ali, o príncipe ficou indignado por não ter o velho, ao menos, levantado os olhos para observar a rica caravana que o acompanhava.
Rude e zombeteiro, aproximou-se a figura real e disse:
–Levanta-te quando por ti passa o teu senhor! Que podes ver de tão interessante nessa pobre caveira, que chegas a não perceber a passagem de um príncipe e seus poderosos acompanhantes?
O eremita ergueu para ele os olhos mansos e respondeu, em voz clara e sonora:
–Perdoa, senhor. Eu estava procurando descobrir se esta caveira tinha pertencido a um mendigo ou a um príncipe. Por mais que eu observe, não consigo distinguir de quem seja.
-Nestes ossos nada há que me diga se a carne que os revestiu repousou em travesseiros de plumas ou nas pedras das estradas.
-Não há na caveira nenhum sinal que me aponte, com certeza, se ela já carregou um chapéu de fidalgo ou se suportou o sol ardente, na rudeza dos trabalhos de camponês.
-Por isso, eu não sei dizer se devo levantar-me ou me conservar sentado diante daquele que em vida foi o dono deste crânio anônimo.
O príncipe baixou a cabeça e prosseguiu o seu caminho, sem mais nada dizer. Mesmo quando a noite chegou e ele retornou ao seu castelo, continuou pensativo.
A lição da caveira lhe abatera o orgulho e o fez pensar.
[com base na Red. do Momento Espírita]
Que são títulos, honrarias, riquezas ante a enfermidade e a morte?
A enfermidade, ao estabelecer o seu reino no corpo humano, nunca indaga se a criatura é detentora de poder e glória ou se é um simples alguém, perdido na multidão.
A dor, ao fazer morada no coração do homem, jamais se importa se ele tem posses ou se é alguém que, simplesmente, perambula pelas ruas, sem teto e sem lar.
A morte, ao arrebatar a vida física, não faz distinção de contas bancárias, títulos financeiros ou bolsos vazios.
O orgulho é um terrível inimigo da criatura humana. Torna o indivíduo insensível à piedade e ao sofrimento do próximo.
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