Aos 83 anos, Sérgio Carpentiere continua jogando bola, fazendo gols e se divertindo com os amigos
O engenheiro Sérgio Carpentiere é um apaixonado por números e por futebol. A combinação desses dois amores faz dele, provavelmente, o maior artilheiro amador da história do futebol mundial.
Foram 7.619 gols catalogados, em 4.226 jogos o que dá uma média de 1,80 gol por partida, façanha digna de entrar para o Guinness Book, o livro de recordes. Os números seriam ainda maiores, se um incêndio no escritório da antiga Codesp, onde Carpentiere trabalhou durante mais de 30 anos, em 19 de novembro de 1973, não tivesse destruído os primeiros registros.
Persistente, Carpentiere não desistiu de anotar seus gols e recomeçou a contagem em maio de 1975. E nunca mais parou.
Apesar dos milhares de gols marcados, ele afirma que nunca foi craque, apenas um jogador oportunista que sabia e continua sabendo se colocar em campo.
“A grande vantagem é que eu sempre joguei futebol de salão, society e de areia, onde não há impedimento, o que naturalmente facilita bastante”, diz Carpentiere.
Uma legião de amigos
Para Sérgio Carpentiere o futebol é uma grande alegria e uma inspiração para superar as adversidades, pois, por intermédio desse esporte, construiu uma legião de amigos com quem compartilhou e ainda compartilha momentos inesquecíveis.
Logo que começou a catalogar seus gols, Carpentiere decidiu que a cada 1.000 tentos anotados ofereceria aos amigos um churrasco de confraternização.
Já se caminha para a oitava churrascada, na festa dos gols, mas Carpentiere participou de muitas outras simplesmente porque adora compartilhar momentos de alegria com os amigos.
Placa no Internacional de Regatas e muitos troféus
Os gols de Sérgio Carpentiere também estão registrados no Clube Internacional de Regatas, um dos mais tradicionais de Santos, que o homenageou com uma placa por ocasião do gol número 6.000. A placa está instalada na porta do vestiário reservado aos jogadores de futebol.
No gol 5.000 o Internacional de Regatas já havia homenageado Carpentiere com uma reportagem em seu jornal, distribuído a todos os associados.
Além das homenagens do Internacional, Carpentiere ganhou vários troféus e placas, que faz questão de guardar em um quarto, transformado em escritório, em seu apartamento.
Palmeirense com um pé na Vila
De origem italiana, esse apaixonado por futebol é palmeirense de coração, mas como veio de Amparo, interior de São Paulo, para Santos, ainda jovem, acabou tendo uma relação afetiva com o Peixe.
Ficou sócio do Santos FC, comprou uma cadeira cativa e sempre que ia à Vila Belmiro torcia pelo Peixe. A única exceção é quando o Santos jogava contra o Palmeiras.
Aí não tinha jeito, o coração e a origem italiana falavam mais alto, e ele torcia para o verdão, de forma discreta, para evitar confusão.
Como os privilegiados de sua geração, Carpentiere pôde ver os jogos fantásticos de Pelé, que ele considera “o maior jogador de todos os tempos”, mas também não deixa de destacar outro craque que marcou sua vida: o meio-campista Ademir da Guia, que fez história com a camisa 10 do Palmeiras.
Sérgio Carpentiere é casado há 58 anos com Wilma, com quem teve duas filhas: a dentista Ariane e a nutricionista Christiane.
Parar com futebol?
Nem pensar.
Aos 83 anos, Sérgio Carpentiere continua jogando, marcando gols e fazendo amigos.
Assista a entrevista com Sérgio Carpentiere e o engenheiro Eduardo Lustoza – o amigo e goleiro que sofreu o gol número 5.000, registrado no Clube Internacional de Regatas:
