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O Judeu Burt Bacharah – Artesão da Música

16/02/2023
O Judeu Burt Bacharah – Artesão da Música | Jornal da Orla

O lendário compositor de música pop Burt Bacharach faleceu aos 94 anos.

Burt cresceu em uma família judia em Queens, Nova York, mas não queria que ninguém soubesse que ele era judeu. Como disse uma vez: “Crescendo com um bando de crianças católicas com quem eu jogava bola, havia muito antissemitismo. Isso te ferra quando criança.”

Bacharach nasceu em Kansas City, Missouri, e cresceu na região de Kew Gardens, da cidade de Nova York, graduando-se na Forest Hills High School em 1946.

Era filho de Irma e Mark Bertram Bacharah. “Bert” Bacharach, foi um conhecido colunista de jornal sindicalizado. Sua mãe era pintora e compositora amadora, responsável por fazer Bacharach aprender piano durante a infância.

Sua família era judia, mas Burt disse que não praticavam nem davam muita atenção à sua religião.”

Bacharach mostrou um grande interesse pelo jazz quando adolescente, não gostando de suas aulas de piano clássico e, frequentemente, usava uma identidade falsa para entrar nas casas noturnas da 52nd Street. Ouvia músicos de beebop como Dizzy Gillespie e Count Basie, cujo estilo mais tarde influenciaria suas composições.

Após sua formatura, ele estudou no programa de música da McGill University em Montreal. Lá, escreveu sua primeira música intitulada: “The Night Plane to Heaven”. Mais tarde, continuou seus estudos musicais na Mannes School of Music em Nova York, junto à compositores famosos. Burt era talentoso o suficiente para receber uma bolsa de estudos na Academia de Música do Oeste em Santa Bárbara.

Nesse período estudou uma variedade de músicas, incluindo a harmonia do jazz, que se tornou importante para suas canções, geralmente são consideradas música pop.

Bacharach foi convocado para o Exército dos Estados Unidos em 1950 e serviu por dois anos. Serviu na Alemanha e tocou piano em clubes de oficiais lá, e em Fort Dix e Governors Island. Durante esse tempo, ele arranjou e tocou música para bandas de dança.

O artista conheceu o popular cantor Vic Damone enquanto ambos serviam no exército na Alemanha. Após suas dispensas, Bacharach passou os três anos seguintes como pianista e regente de Damone.

Em 1957, ele conheceu Hal David, o futuro letrista de muitos de seus sucessos, incluindo: “The Story of My Life” com Marty Robbins (1957) e “Magic Moments” com Perry Como (1958).

Em 1956, aos 28 anos, a produtividade de Bacharach aumentou quando o compositor Peter Matz o recomendou a Marlene Dietrich, que precisava de um arranjador e maestro para seus shows em casas noturnas. O compositor, então, se tornou diretor musical em tempo parcial de Dietrich, a atriz e cantora que havia sido uma estrela internacional do cinema na década de 1930.

Os dois viajaram pelo mundo até o início dos anos 1960. Quando eles não estavam em turnê, ele escrevia canções. Como resultado de sua colaboração com Dietrich, ganhou seu primeiro grande reconhecimento como regente e arranjador.

Em sua autobiografia, Dietrich escreveu que Bacharach adorava fazer turnês na Rússia e na Polônia, porque os violinistas eram “extraordinários” e os músicos eram muito apreciados pelo público. “Ele também se sentia em casa em Israel”, escreveu ela, “onde a música era igualmente “muito reverenciada”.

No início dos anos 1960, após cerca de cinco anos com Dietrich, sua relação de trabalho cessou, com Bacharach dizendo a Dietrich que queria se dedicar em tempo integral à composição.

Bacharach escreveu mais de 500 canções, muitas apresentando um piano sonante e picos de sopro sutilmente sedutores. Ele escreveu sucessos para cantores que vão de Dionne Warwick aos Carpenters. Mais de 1.200 artistas interpretaram suas canções, que ganharam seis Grammys e três Oscars. O compositor, junto com Hal David, teve 30 sucessos no Top 40, apenas nos anos 60.

A música “Alfie” de Bacharach para o filme de Michael Caine com o mesmo nome foi um sucesso para Cilla Black e Tom Jones cantou sua música-título para “What’s New Pussycat?” Outras músicas de Bacharach incluem “Raindrops Keep Fallin’ on My Head” de “Butch Cassidy and the Sundance Kid”, pelo qual Bacharach e David ganharam dois Oscars e um Grammy de melhor trilha sonora.

Nos últimos 70 anos, apenas Lennon-McCartney, Carole King e um pouquíssimos outros artistas rivalizaram com seu gênio para canções instantaneamente cativantes que permaneceram executadas, tocadas e cantaroladas muito depois de terem sido escritas.

Burt voltou a Israel mais tarde, em 2013, dizendo antes de seu show:

“Estou muito animado por estar em Israel. É muito significativo para mim estar aqui. Era algo que queríamos fazer nesta turnê.”

No show, ele relembrou sua visita de 1960.

Embora artistas famosos fizessem sucessos de suas canções, Bacharach disse que também gostava de se apresentar e fazer uma conexão pessoal com públicos menores.

“O que eu tento fazer… é subir no palco e conhecer pessoas através da música”, disse ele numa entrevista ao Huffington Post, lembrando um sobrevivente de câncer que disse que sua música “House Is Not A Home” aliviou o desconforto da quimioterapia. “Você obtém isso das pessoas onde quer que esteja … Você obtém uma reação do público que faz você se sentir bem.”

O artista continuou compondo até seus 92 anos.

A música de Bacharach sempre teve a qualidade de se destacar ao mesmo tempo que se mistura às outras. São obras de se ouvir sem esforço, mas, de modo algum, são canções simples.

Burt Bacharah nos deixou neste último dia 08 de Fevereiro, ao falecer de causas naturais em sua casa de Los Angeles.

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