O gaitista e guitarrista belga, Toots Thielemans partiu em 2016, deixando um legado musical maravilhoso. Um verdadeiro gênio que estava afastado dos palcos desde o ano de 2014, depois de completar 70 anos de carreira, quando naturalmente sentiu que perdia forças e também não queria decepcionar seus fãs espalhados por todo o planeta.
Nasceu na bela cidade de Bruxelas e precocemente, aos 3 anos de idade, já tocava acordeom, no bar que seus pais tinham na cidade. Na época da Segunda Guerra mundial, descobriu o Jazz e a harmônica por puro hobby e curiosamente ganhou nesta época também uma guitarra, começando a tocar muito influenciado primeiramente pelo estilo cigano de Django Reinhardt, e depois pela guitarra elétrica de Charles Christian.
Chegou a imigrar para os Estados Unidos em 1952, onde acompanhou com raro talento algumas das maiores lendas do Jazz, o clarinetista Benny Goodman, o vibrafonista Milt Jackson, o saxofonista Charlie Parker, o pianista George Shearing, a cantora Ella Fitzgerald, entre tantos outros nomes importantes.
No ano de 1963, lançou o clássico de sua autoria “Bluesette”, que foi gravado inúmeras vezes e se tornou seu maior sucesso. Merece destaque também sua participação na trilha sonora do filme clássico “Midnight Cowboy”, do ano de 1969, aqui conhecido como “Perdidos na Noite”, assinada por John Barry e estrelada por Jon Voight e Dustin Hoffman, que recebeu três Oscars.
Sempre teve grande admiração pela música brasileira e já se apresentou por aqui diversas vezes, com shows memoráveis e inesquecíveis.
Destaque para suas participações em discos ao lado da cantora Elis Regina, no ano de 1969 e nos dois discos The Brasil Project (1992) e The Brasil Project – Volume 2 (1993), ao lado dos maiores nomes da nossa MPB, em parceria com Ivan Lins, Gilberto Gil, Dori Caymmi, Edu Lobo. Milton Nascimento, Caetano Veloso, Luis Bonfá, João Bosco, Chico Buarque, Djavan e o saudoso Oscar Castro Neves, que tocou e produziu os 2 discos de uma forma sublime.
Outro detalhe curioso nas suas performances e nos seus inspirados improvisos era o seu marcante assovio, muito das vezes simultâneo com a guitarra. Estilo inconfundível, que virou também sua marca registrada. Ele recebeu em vida diversos prêmios e algumas honrarias muito importantes em alguns países por onde se apresentou em sua carreira, como a Bélgica, os Estados Unidos e a Holanda.
Reverência eterna a música do genial Jean-Baptiste Frédéric Isidore Thielemans, ou simplesmente Toots, o belga mais célebre da História do Jazz.