Livros e mais livros

O fascismo eterno, o alerta de Umberto Eco

11/10/2022
O fascismo eterno, o alerta de Umberto Eco | Jornal da Orla

A recente vitória do partido de Giorgia Meloni (líder da extrema direita pós-fascista italiana) evidencia uma séria questão política: o decaimento da social-democracia e a ascensão de movimentos antidemocráticos em alguns países. Após o tempo de fraternidade experimentado pelas nações no pós 2ª Guerra, líderes de tons autoritários começaram a captar o ressentimento dos cidadãos para ascender ao poder.

Mas nada disso é novo. Em seu ensaio O fascismo eterno, Umberto Eco ensina que o flerte com o autoritarismo sempre nos rodeia. Como notas básicas dos movimentos fascistas, Eco indica (i) o culto à tradição e repúdio ao progressismo; (ii) a demonização das universidades para inviabilizar o pensamento crítico; (iii) tendências racistas e xenófobas; (iv) exaltação desmedida à pátria como forma de alienação; (v) machismo constante com referências expressas ao pênis (a “invidia penis”); (vi) linguagem grosseira para atiçar sentimentos obscuros.

Cada época possui o seu próprio fascismo. Há fortes grupos antidemocráticos pululando no mundo. E dirá Eco: “nosso dever é desmascará-los e apontar o dedo para cada uma de suas novas formas, em cada lugar do mundo”.

Motivos para ler:

1- Umberto Eco (1932-2016) é referência da intelectualidade humana. Escritor, filósofo, semiólogo e medievalista italiano, escreveu livros técnicos e romances do mais alto nível. Um homem erudito, bem-humorado e com enorme consciência de mundo;

2- Eco inicia seu ensaio com memórias de infância na Itália de Mussolini e a doutrinação fascista de extrema direita que recebeu na escola. Note: ao mesmo tempo em que se doutrinava as crianças desde a tenra idade nas escolas, repudiava-se o pensamento crítico das universidades para não abalar o regime;

3- A história enxerga o futuro com olhos no passado. Pelo que foi, anuncia o que será. Há uma lição política valiosa: quem não tem apreço pelas regras do jogo democrático (respeito às eleições; ao Estado laico; às decisões da Justiça; ao poder civil que deve ser confiado a civis e não a militares) não respeita nada.

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.