
O Breque Nacional dos Apps, paralisação dos entregadores de comida por aplicativo, conseguiu algo que parecia impossível: juntar, do mesmo lado do balcão, patrões e empregados. Ao mesmo tempo em que parte dos motoboys, motogirls, bikeboys e bikegirls da Baixada Santista cruzavam os braços, recebiam o apoio do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sinhores).
O movimento reivindica o estabelecimento de uma taxa mínima de R$ 10 por entrega; o aumento do valor pago por quilômetro rodado de R$ 1,50 para R$ 2,50; a limitação do raio de atuação das bicicletas a três quilômetros; e a remuneração integral de cada pedido quando múltiplas entregas são agrupadas em uma mesma rota.
Na região, eles se concentraram em Santos, Praia Grande e Guarujá, onde circularam em grande número pelas ruas das Cidades. Houve concentração e protesto também na Praça das Bandeiras, no Gonzaga.
A paralisação foi organizada pelas redes sociais, por perfis como @brequenacionaldosapps. A mobilização contou com a adesão de 20 estados. As maiores concentrações de entregadores (motos e bikes) estão em Santos, Guarujá, Cubatão, São Vicente e Praia Grande.
Procurado para opinar sobre o movimento grevista, a diretoria do Sinhores saiu em defesa da paralisação. “O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e Vale do Ribeira é a favor da paralisação dos entregadores de aplicativos, visto que eles são essenciais para o andamento do setor. Esperamos que o protesto traga mudanças no modelo das plataformas de delivery, gerando um ambiente de negócio mais justo, ético e que respeite os trabalhadores e estabelecimentos”, afirma Arthur Veloso, presidente do Sinhores.
LIDERANÇA
Eddie Torres, secretário do Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas da Baixada Santista (Sindimoto) e presidente da Associação dos Motoboys e Motogirls da Baixada Santista (Ambasa), disse que ficou abismado com o número de trabalhadores dependentes das plataformas digitais. “São 40% da categoria na região ligados às plataformas que servem como apoio de entregas dos estabelecimentos e que usam essas plataformas, como AgilGo, Avante, Rappi e Box Delivery, não só para fugir das altas taxas do Ifood, que cobram até 34% na entrega”.
Torres destacou que os chamados “nuvens”, dentro do universo dos 60% restantes, 98% são completamente dependentes das plataformas, trabalhando de domingo a domingo, dez horas por dia, isso se não baterem a meta pessoal. “É extremamente normal avançar essas 10 horas para 12,14 até 16 horas por dia, numa meta que varia de R$ 160,00 a R$ 200,00, tirando os custos do dia a dia em rua, com manutenção do veículo e alimentação, essa meta cai de R$ 180,00 para R$ 120,00”.
Sobre resultado da paralisação nacional, Torres considerou “positivo”. “O objetivo maior era mostrar a todos a verdadeira face do Ifood, de explorador da categoria e dos comerciantes”, afirmou. Sobre a adesão, a Baixada Santista chegou a 30%.
AMOBITEC
A Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) informou que respeita o direito de manifestação e informa que suas empresas associadas mantêm canais de diálogo contínuo com os entregadores. Sobre a remuneração dos profissionais, de acordo com o último levantamento do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), a renda média de um entregador do setor cresceu 5% acima da inflação entre 2023 e 2024, chegando a R$ 31,33 por hora trabalhada.
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