Duas lideranças políticas de convicções opostas, João Villela e Thiago Andrade convergiram sobre a soltura de Sérgio Cabral, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ambos consideram que a liberdade ao ex-governador do Rio de Janeiro, que é réu confesso, é um péssimo sinal para a sociedade.
“A mensagem que transmite para a sociedade brasileira não é uma positiva. Eu estou bastante atento, vou acompanhar com bastante atenção o processo que vai se seguir após a soltura do ex-governador”, ponderou Thiago Andrade, que foi candidato a prefeito de Santos em 2020 pelo PCdoB.
João Villela, que foi candidato a prefeito pelo Novo, avalia que o caso de Cabral evidencia que o sistema judiciário brasileiro só pune pobres.
“Os recursos jurídicos são quase infinitos, porque você vai ter no mínimo 54 recursos nominais, fora os inominados. Então você pode entrar com recurso mesmo passando o prazo, é a prescrição intercorrente. Não estão exatamente na lei mas são colocados pelo próprio judiciário de uma forma tranquila. Tem a questão da prisão em Segunda Instância, que o STF considerou ilegal. Então, é quase impossível ficar preso muito tempo. No Brasil, o crime compensa”, afirma.
Vilella avalia que o Poder Judiciário virou uma corte política, que altera suas posições conforme as necessidades e vontades. “Qual lugar do mundo civilizado e do mundo democrático tem um tribunal constitucional que se mete em tudo?”, questiona.
Thiago discorda: “Tem muita gente chamando o Poder Judiciário de Xerife, dizendo que ele se intromete na vida pública do Brasil de forma indevida, mas na verdade o que há é uma tentativa de corrigir a ordem democrática no Brasil, ele dá um freio nos ataques que a ordem democrática no Brasil tem sofrido”, afirma.
Thiago Andrade vê com preocupação o que ele considera como criminalização da política. “A Lava Jato cometeu abusos, levou muita gente de forma indevida é para cadeia. Houve uma campanha, segundo a qual a política virou atividade criminosa, exatamente para desorganizar a política e dar poderes para outros. Acho que é o momento de devolver o protagonismo à política, ela deve ter a sua representação no Congresso Nacional. O Poder Executivo precisa ter condições de governar, de organizar a vida social do país”, argumenta.