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João Gilberto – Eterno

16/06/2023
João Gilberto – Eterno | Jornal da Orla

O violonista, cantor e compositor baiano João Gilberto no último dia 10 de junho, completaria 92 anos! Ele que foi sem nenhuma dúvida, o grande arquiteto da Bossa Nova.

Quando ele gravou o clássico “Chega de Saudade” em 10 de julho de 1958, com apenas 27 anos de idade, há exatos 65 anos, a Bossa Nova ganhou a sua certidão de nascimento.

Depois desta gravação, a música popular brasileira nunca mais foi a mesma. Temos o período da nossa música marcado em antes e depois de “Chega de Saudade”, gravada de forma mágica e definitiva por João Gilberto.

Sua influência musical vai muito além das nossas fronteiras. Ele quebrou paradigmas e até os dias de hoje continua influenciando gerações e mais gerações de músicos. A sua batida no violão é absolutamente mágica e surpreendente. Ao lado de Tom Jobim, Vinicius de Moraes e todos os outros da turma já conhecidos, revolucionou a cultura.

Sou um admirador contumaz do trabalho musical executado pelo querido e saudoso amigo contrabaixista, jornalista, musicólogo, radialista, pesquisador, crítico e produtor Zuza Homem de Mello, uma das maiores referências do assunto música deste planeta e que, assim como eu, tem muita música nas veias.

Zuza escreveu vários livros essenciais e com o conhecimento de poucos, deixou seu último livro escrito “Amoroso – Uma Biografia de João Gilberto” pela editora Companhia das Letras (2021), que aborda vários aspectos muito interessantes deste personagem da nossa música, que é cercado de lendas, mistérios e uma genialidade absurda.

O autor investiga, e traduz, através das suas palavras, o caráter único e diferente do músico. Zuza conta que a gravação de “Desafinado” foi um marco na carreira de João Gilberto e no movimento da Bossa Nova (esta canção lançou uma nova forma de se ouvir e interpretar a MPB e que resultou na Bossa Nova), embora considerando que ela não é a mais perfeita. Para o autor, a mais perfeita canção da Bossa Nova é “Samba de Uma Nota Só”. E, para encerrar, uma dica essencial do autor para que possamos absorver na totalidade a arte de João Gilberto: “Devemos ouvir a música de João pela primeira vez concentrando na voz. Depois, reouvir concentrando no violão. E, depois, reouvir pela terceira vez, concentrando na sonoridade da voz e do violão. Esse é o ponto crucial para se ouvir João Gilberto”.

Um banquinho, um violão e uma saudade eterna do João, que nos deixou aos 88 anos! Nossa reverência! Eterno!

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