Saúde

Janeiro Branco e a fome emocional

06/01/2024
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O Janeiro Branco, é um movimento criado em 2014 no Brasil para alertar e conscientizar sobre a importância de cuidar da saúde mental, que é essencial ao bem-estar integral do indivíduo, pois afeta diretamente a vida, os relacionamentos, as atividades e o convívio social. A Fome emocional é o transtorno alimentar em que a pessoa come mais do que o necessário para se nutrir e pode resultar em problemas de saúde como obesidade, hipertensão e diabetes.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a compulsão alimentar atinge cerca de 2,5% da população mundial. No Brasil, 4,7% da população tem algum tipo de transtorno alimentar, sendo mais recorrente entre jovens de 14 a 18 anos. Cerca de 49% das pessoas que apresentam o transtorno são obesas, sendo que 15% são obesas mórbidas. Um dos maiores transtornos alimentares, o comer emocional, está associado a hábitos condicionados pelo nosso humor. Nestes casos, a pessoa não come por fome ou por uma necessidade fisiológica, mas para satisfazer as necessidades emocionais.

“Quando uma pessoa está se sentindo ansiosa e devora um pote de sorvete sozinha, o prazer é instantâneo. Ou seja, a recompensa e a sensação imediata de bem-estar ajudam a reduzir a ansiedade”, explica a psicóloga Flávia Teixeira, mestre em Saúde Coletiva pela UFRJ, especialista em Transtornos Alimentares pela USP e pós-graduada em Psicossomática Contemporânea.

Segundo a psicóloga, comer sem estar com fome, sem prestar atenção no alimento, é um hábito muito comum nos estados de ansiedade, como um mecanismo de enfrentamento que pode diminuir temporariamente emoções indesejadas, e há uma série de razões por trás deste comportamento.

A fome emocional tende a aparecer de repente e com uma intensidade tão alta que, na maioria dos casos, é muito difícil resistir e diferenciá-la da fome física. “Comer, muitas vezes, serve como mecanismo de distração para escapar da realidade, como se fosse uma forma de aliviar as dores momentâneas”.

De acordo com a especialista, a fome emocional aparece de forma inesperada. Quem sofre, come de forma automática, quase sempre alimentos gordurosos ou com muito açúcar sem se sentir saciado e, após comer, vem o sentimento de culpa.

“Uma vez percebida que a sensação de fome não é física, mas emocional, e que a ansiedade é o que está lhe favorecendo a não resistir ao ataque compulsivo à comida, é hora de procurar ajuda. Afinal, ninguém consegue dissociar o emocional do biológico sem um tratamento adequado”, finaliza Flávia Teixeira.