Evaldo Stanislau alerta também para importância da testagem
Tomar as doses de reforço, usar máscaras em ambientes fechados em circulação de ar e ampliar a testagem de casos suspeitos são as estratégias apontadas pelo infectologista Ewaldo Stanislau para frear o aumento de casos de Covid-19 — a maior parte deles da variante Omicron BQ.1.
“A pandemia nunca acabou. O que temos são ondas de aceleração de casos, podemos falar até em maré”, afirma. Ele explica que a primeira razão deste aumento é a redução da nossa barreira imune, ou seja, menos pessoas vacinadas com as doses de reforço. “As pessoas negligenciaram”, alerta. Outro fator é a redução do uso da máscara em praticamente todas as situações. Ele recomenda o uso do equipamento em lugares fechados, sem circulação de ar. Evaldo não acredita que será necessário aumentar as restrições, como as determinadas no auge da pandemia, como o fechamento de estabelecimentos comerciais e suspensão de aulas. “O que precisamos neste momento é de mais diagnostico, mais vacinação e mais tratamento”, argumenta.
O infectologista aponta uma terceira razão para o aumento no número de casos: o aparecimento de novas variantes.
O especialista adverte para a subnotificação de casos de Covid-19, já que estão sendo feitos bem menos testes. “Certamente, estes casos são subestimados”.
Evaldo destaca a importância da vacinação para evitar casos mais severos da doença e também evitar o aumento da transmissão, e ressalta a principal finalidade da vacina. “A gente não pode vender a ilusão de que quem tomou vacina não vai pegar covid-19. O objetivo não é esse, e sim que, se pegar a doença, a pessoa terá uma forma leve. O que ainda falta é informação para estimular as pessoas a tomar a vacina. Nós ainda temos no Brasil um governo que joga contra a vacina”, explica.
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Covid prolongado
O infectologias alerta também para os danos da doença a médio e longo prazos — o chamado covid prolongado. “Covid é como uma partida de futebol. Tem o primeiro tempo, que é a fase aguda da doença. O segundo tempo é quando o vírus vai embora, mas a pessoa continua tendo alguns sintomas. E algumas pessoas vão jogar uma prorrogação, que é o Covid prolongado. Oito a 12 semanas depois, a pessoa já não tem mais o vírus nem está transmitindo, mas continua com alguns sintomas. São sintomas neurológicos, o que em inglês chamam de “brain fog” (nevoeiro cerebral), ataca o raciocínio, a capacidade de atenção, de resolver problemas objetivamente, de guardar novos conhecimentos, de fazer múltiplas tarefas”, explica.
Segundo ele, muitos estudos, baseados ressonâncias magnéticas, indicam que o cérebro encolhe. “Será que daqui a 20 anos quem teve Covid não vai sofrer demência ou um Alzheimer mais precoce?