Mídia

Gloria Maria rompeu fronteiras para negros e mulheres

02/02/2023
Reprodução

Com competência e sensibilidade, jornalista estabelecia empatia com telespectador

A causa da morte e qual idade tinha a jornalista Glória Maria, que faleceu na manhã desta quinta-feira (2) não têm a menor importância, diante do significado dela para o jornalismo e a afirmação de negros, mulheres e, em especial, mulheres negras na sociedade.

Com sua atuação que combinava rigor na apuração dos fatos e simpatia na apresentação, Gloria Maria inaugurou uma nova maneira de fazer jornalismo no Brasil —em grande medida, contrariando o “padrão Globo” e seus hermetismos inexplicáveis.

A jornalista começou a chamar a atenção de sua chefia logo no início da carreira, quando em 1971 cobriu o desabamento de um elevado no Rio de Janeiro. A maneira humana, que estabelecia profunda empatia com o público, pavimentou sua trajetória de destaque na emissora.

Reportagens especiais no Globo Repórter e Fantástico, viagens mais fantásticas ainda, entrevistas marcantes com personalidades dos mais variados perfis — como a divertida com o cantor Freddy Mercury— estão presentes na memória dos brasileiros.

Sem abrir mão da fidelidade com a informações, Glória Maria passeou pelos mais diversos temas, com sensibilidade, bom humor e intimidade. Para o telespectador, era como se a filha simpática da vizinha estivesse contando uma história…

A atuação de Glória Maria demonstrou o óbvio: que negros e mulheres podem (e devem) ser protagonistas da sociedade. Não foi fácil, mas ela destruiu preconceitos e rompeu fronteiras para brasileiros marginalizados pelos defensores dos “bons costumes”.

Filha de um alfaiate e uma dona de casa, Glória Maria deixa duas filhas (Laura e Maria) e uma verdadeira legião de admiradores.

Nascida em 15 de agosto de 1949, Gloria Maria foi diagnosticada com câncer no pulmão, que evoluiu para uma metástase no cérebro.