Quem me acompanha provavelmente já me escutou dizendo que não existe mais carro popular hoje em dia. E se existe, logo, logo irá acabar. Pensem comigo: anos atrás era possível comprar carros com preço inicial de R$ 30 mil (preço que é relativamente barato, né?). Porém, você já viu o preço do carro zero hoje em dia? Os preços iniciais estão em R$ 64, 65 mil… e estou falando das versões de entrada, ok? Os “pelados”, como dizemos por aí. Agora eu pergunto: R$ 65 mil é preço de carro popular?
Mas afinal, por que isso tem acontecido? Bom, alguns fatores podem explicar esse fenômeno. O primeiro deles é a inflação de commodities, tais como aço, alumínio, vidros, plástico, que foi muito grande e como são precificadas em dólar, que também aumentou, fez os efeitos se multiplicarem.
Mas o problema não foi apenas esse. Se a questão dos preços altos dos carros fosse apenas as variações do mercado, o cenário se ajustaria com a estabilização da crise. A introdução obrigatória dos sistemas de segurança, como airbags e freios ABS, também ajudou a puxar o preço mais para cima. Afinal, colocando mais equipamentos nos veículos, faz com que o preço suba. O próprio gosto do brasileiro ficou mais exigente, já que também prefere veículos mais equipados.
A estratégia das montadoras é outro aspecto a ser considerado. Afinal, o modelo da indústria automotiva é voltado para o volume: lucra-se pouco nos carros mais baratos para compensar a quantidade de vendas. Mas a pandemia acabou com esse tipo de negócio. A falta de componentes fez com que a produção diminuísse. Junte-se o baixo volume de carros com a alta demanda e temos como resultado veículos mais caros.
E infelizmente, mesmo quando a situação da indústria voltar ao normal, o brasileiro médio ainda vai ter dificuldades em se tornar um cliente potencial de carros zero, pois a relação entre o aumento do salário médio e do valor do carro é muito discrepante. Eu fico por aqui. Abraços e até a próxima.
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