“Quem é Iemanjá?”. Para tentar responder a essa pergunta, a fotógrafa e artista multimídia paulista Andrea Goldschmidt participou durante cinco anos do tradicional Festa de Iemanjá de Praia Grande e registrou a celebração com fotos, vídeos, músicas e depoimentos que dão visibilidade à festa e voz às pessoas que fazem o evento acontecer desde 1950.
O acervo inédito está reunido em “Iemanjá em Festa“, que será lançado na sexta-feira (6/12), com uma exposição virtual interativa que passeia pela praia, mergulhando no mar de Iemanjá e no mundo sagrado das religiões de matriz africana, sobretudo a Umbanda, seus mitos, pontos e rezas. A homenagem a essa orixá coincide ainda com o evento deste ano, que acontece nos dias 7, 8, 14 e 15 de dezembro.
“Todos os anos, no primeiro e segundo finais de semana de dezembro, centenas de terreiros, sobretudo de Umbanda, montam seus altares e levam seus filhos para uma experiência intensa de trabalhos que duram a noite toda e terminam ao nascer do sol, quando são levadas para o mar as oferendas para Iemanjá. Esse webdocumentário é uma homenagem à Rainha do Mar, a todos que vivem e alimentam essa tradição, e também um convite para mergulhar no universo dessa celebração”, diz Andrea Goldschmidt.
“Iemanjá em Festa” é parte do projeto “Festas Populares Brasileiras”, que tem como principal objetivo ampliar o acesso ao patrimônio imaterial brasileiro. Nos últimos 11 anos, a profissional registrou 44 festas populares brasileiras, em 16 estados.
“Para mim, falar sobre a cultura popular brasileira é falar sobre a capacidade incomparável dos brasileiros de unir esforços para produzir festas, músicas e poesias para os olhos e para a alma. As festas são acontecimentos profundos e cheios de beleza, que só se tornam possíveis a partir da força dos grupos de pessoas que trabalham juntas, por objetivos comuns, produzindo e transmitindo conhecimento”, ressalta a artista.
O projeto sobre a Festa de Iemanjá de Praia Grande apresenta uma compilação do acervo da fotógrafa que participou do evento durante cinco anos. Essa dedicação intensa produziu um rico arquivo de fotos e vídeos, áudios dos sons da festa, entrevistas com pessoas que participam ativamente e uma coleção de informações sobre mitos, lendas, músicas e oferendas que se relacionam ao culto e a essa importante orixá das religiões de matriz africana.
“Dar voz às pessoas que fazem a festa acontecer foi a maneira que encontrei para vivenciar a oralidade, que tem um papel central na transmissão de conhecimentos e na conexão entre o humano e o sagrado, e que é tão fundamental na vida dentro dos terreiros. Sempre tento capturar as pequenas demonstrações de afeto e beleza e a conexão com os símbolos é emocionante, por exemplo, como Iemanjá é representada nos altares: sereia, negra, branca, boneca, índia, ou seja, uma divindade com muitas facetas”, afirma Andrea.