As expressivas cores e o conteúdo lúdico e sensorial da exposição ‘Autismo e Arte’, produzida pelo artista Anderson Camargo, que teve consultoria da escritora, palestrante e ativista pelos direitos da pessoa autista Kenya Dieh, ganharam as paredes expositivas da galeria Braz Cubas.
Composta por peças tridimensionais, brinquedos e jogos produzidos em MDF, a mostra, que busca abranger crianças e adultos de todos os graus do espectro, teve sua fagulha inicial através dos laços fraternos. Aberta a visitação até o dia 31 de maio, ‘Autismo e Arte’ pode ser conferida de segunda a sexta, das 13h às 18h. Tanto a galeria quanto o Teatro Municipal ficam no segundo piso do Centro de Cultura Patrícia Galvão, na Av. Sen. Pinheiro Machado, 48, Vila Mathias. A entrada da mostra é gratuita.
“Há dois anos tive a ideia de realizar algo voltado aos autista, pelo contato no trabalho social que realizo. Um tempo depois identifiquei a dificuldade da minha filha em encontrar brinquedos para o meu neto e resolvi fabricá-los. Logo percebi que as essas peças poderiam não só ajudar meu neto, mas outras pessoas também”, disse Anderson.
“Tive a ideia de realizar duas exposições. ‘Santos 3D’, que realmente ocorreu, e uma dedicada às pessoas com autismo, que resolvi não levar pra frente porque a ideia era essa interação que o combate à pandemia não permitiam na época. Agora vimos que era o momento dela acontecer”, completou o artista que encarou a maratona de trabalhar 23 dias, 14 horas em cada um deles, para produzir a mostra.
Além da vivacidade e interação das obras, a mostra foi concebida por meio de muita pesquisa do artista sobre o espectro autista. “Visitei muitas instituições como o Nurex e o Cerex, por exemplo, para saber como as peças funcionariam e em todos os graus do espectro autista”, revelou Anderson que contou com a colaboração família na produção de algumas peças.
Além dos trabalhos de Anderson Camargo, outras obras que se destacam são os alguns dos quadros do acervo de Victor Gabriel dos Santos Soares Imbernon Cortez, um artista jovem de 19 anos que descobriu na arte uma maneira de se expressar. “Victor começou a pintar desde pequeno na arteterapia. Apesar de o intelecto preservado e cursar Tecnologia em Marketing, na universidade, Victor não consegue escrever até hoje e utiliza as cores e técnicas empregadas em seus quadros para expressar seus sentimentos”, contou Cristina Fernandes dos Santos Soares, mãe do jovem artista que foi o primeiro santista a ganhar o Colar Girassol, documento que facilita a identificação de pessoas com deficiências não visíveis.
Cristina será uma das integrantes da mesa ‘Conscientização sobre Autismo’, que complementa as atividades alinhadas à exposição. “Além da conscientização da sociedade, a ideia é debater e mostrar que o autista pode estar em todo e qualquer lugar. Vou falar um pouco sobre a trajetória da descoberta e abordar tudo o que nós fomos buscar. Também vou dissertar sobre educação inclusiva, sobre a real inclusão, abordando desde as dificuldades até o ideal que devemos chegar, e sobre a importância da rede de apoio às famílias”, disse Cristina sobre o painel que ocorre no Teatro Municipal Braz Cubas nesta quarta-feira (4), às 17h.
