Um estudo conduzido pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) revelou que a implementação da tarifa zero para o transporte coletivo urbano está impulsionando a demanda por ônibus no Brasil. Os resultados apontam para um aumento é de até 371% na procura por viagens de ônibus nas cidades onde essa política foi adotada. A pesquisa, que analisou dados de 12 municípios brasileiros, destacou que todos esses locais testemunharam um avanço no uso do transporte coletivo.
De acordo com a NTU, o aumento na procura por ônibus levou as empresas concessionárias a expandirem suas frotas para atender à crescente demanda. Em 8 das 9 cidades que divulgaram seus dados de evolução de oferta e procura, houve uma elevação na quantidade de ônibus em circulação pelas vias urbanas. A única exceção foi Cianorte (PR) até janeiro de 2023.
Um ponto destacado pelo estudo é que a adoção da tarifa zero tem sido mais comum em cidades de menor porte, com 71% das cidades brasileiras que implementaram essa política possuindo menos de 50.000 habitantes. Isso totaliza 124 cidades adotando a tarifa zero, das quais 106 aplicam-na universalmente, abrangendo todas as linhas e todos os dias da semana. Dessas 106 cidades, apenas 31 têm população superior a 50.000 habitantes, sendo Caucaia (CE) a maior delas, com mais de 355 mil moradores.
Nas cidades analisadas, o financiamento do transporte público por ônibus é realizado por recursos públicos, tornando menos oneroso o aumento na frota para atender a demanda, em comparação com cidades de grande porte como São Paulo ou Rio de Janeiro.
Segundo o estudo, “Em termos populacionais, a maior parte das cidades com tarifa zero são pequenas, com sistemas de transporte público coletivo que realizam um número reduzido de viagens. Nesse sentido, para as cidades maiores, o maior desafio é encontrar fontes extratarifárias de receitas para o custeio da prestação do serviço e para que haja o equilíbrio econômico-financeiro ao abrir mão da receita tarifária auferida via cobrança das tarifas públicas.”
Além de aliviar o tráfego urbano, o avanço na utilização dos ônibus também trouxe benefícios sociais e econômicos para as cidades. Em São Caetano do Sul (SP), por exemplo, houve uma redução no índice de remarcações de consultas médicas na rede do SUS (Sistema Único de Saúde). Em Paranaguá (PR), o estudo mostrou uma queda de 40% na quantidade de acidentes envolvendo ônibus e um aumento de 30% nas vendas no comércio local.