No mundo atual, estamos nos acostumando a muitas coisas como se fossem normais.
Estamos nos acostumando a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que as janelas ao redor. E, por não ter uma bela vista, logo nos acostumamos a não olhar para fora.
Porque não olhamos para fora, também nos acostumamos a não abrir de todo as cortinas, o que nos leva a acender mais cedo a luz. Com isso, vamos esquecendo o sol, o ar, a amplidão.
Estamos acostumados a acordar pela manhã em sobressalto porque está na hora.
Tomamos o café correndo porque estamos atrasados e consultamos as redes sociais, enquanto comemos.
Tudo para não perdermos tempo.
Estamos acostumados a comer sanduíche porque não dá tempo de almoçar. A sair do trabalho quando a noite já se anunciou e a cochilar no sofá porque estamos muito cansados.
Deitamos cedo, dormimos pesado, sem ter vivido inteiramente o dia.
Estamos nos acostumando a ouvir as notícias, a ler sobre as guerras e as vítimas que elas produzem e nos habituando ao seu grande número de mortos.
Estamos nos acostumando a assistir à emigração de famílias inteiras, buscando encontrar um lugar sem bombas. E, por causa disso tudo, não acreditamos mais nas negociações de paz.
Estamos nos acostumando a esperar o dia inteiro por uma mensagem importante e, quando ela chega, ouvimos a gravação: –Hoje não posso ir.
Estamos acostumados a sorrir sem receber um sorriso de volta. A sermos ignorados quando gostaríamos de ser notados.
Estamos acostumados com as salas fechadas, com o ar-condicionado, com a luz artificial e até com a contaminação do mar e a lenta morte dos rios.
Vivemos tão fechados que nos acostumamos a não ouvir passarinhos, a não ter galo cantando na madrugada, a não colher fruta no pé.
Estamos nos acostumando a coisas demais e nos tornando indiferentes.
Somos tantos no planeta que estamos nos acostumando a ouvir falar de desaparecimentos e mortes como simples números estatísticos. Estamos nos esquecendo de ser humanos, de sentir, viver e amar.
Estamos nos esquecendo que somos filhos de Deus, criados para o amor.
Por isso, vamos recomeçar a reparar nas coisas pequenas e a dar importância a elas.
[com base em textos de Marina Colassanti e Leo Buscaglia e na Red. do Momento Espírita]
Observemos a dinâmica da vida que está em todo lugar e não nos deixemos levar pela acomodação perigosa. Cultivemos a alegria de viver.
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