Covid-19

Estado anuncia quarta dose, mas infectologista considera precipitado

11/02/2022
Estado anuncia quarta dose, mas infectologista considera precipitado | Jornal da Orla

Aplicação começa em 4 de abril, nas pessoas com mais de 60 anos

O Governo do Estado anunciou que pretende aplicar a quarta dose da vacina contra a Covid-19 em toda a população, começando em 4 de abril, com as pessoas com mais de 60 anos.

“Avançando na segunda dose, nós poderemos avançar na dose de reforço, a quarta dose, seguindo uma ordem de faixa etária”, afirmou o tucano. “Vamos adotar em São Paulo a quarta dose, independentemente de haver ou não recomendação do Ministério da Saúde”, afirmou o governador João Doria.

No entanto, o coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus estadual, João Gabbardo, explica que a prioridade continua sendo vacinar as pessoas que estão com a segunda dose atrasada, além daqueles que ainda não buscaram a terceira dose.

O infectologista Evaldo Stanislau explica que esta quarta dose não representa o ínicio de um novo ciclo vacinal. “Provavelmente teremos uma vacinação periódica mas com que tipo de vacina e qual a periodicidade ainda seria especulativo”, afirmou.

Evaldo considera precipitado adotar a vacinação para toda a população. “Não sabemos se há uma grande vantagem em ampliar essa quarta dose de uma maneira generalizada”, argumenta, acrescentando que a quarta dose da vacina contra a covid-19 tem se mostrado importante em situações muito pontuais, de pacientes imunodeprimidos, idosos e profissionais de saúde mais expostos, aumentando a quantidade de anticorpos.

“O que vamos precisar são de novas estratégias, então é provável que nos próximos anos tenhamos as vacinas atuais atualizadas para novas variantes do vírus e novas formulações vacinais, inclusive com o uso intranasal, que vai trazer o benefício de evitar que os vacinados transmitam o vírus ao se tornarem carregadores deste vírus”, explica Stanislau, que é diretor da Sociedade Paulista de Infectologia,

Ele acrescenta que novas vacinas estão sendo desenvolvidas, também com o intuito de serem panvariantes (pan-genotípicas), no sentido de ser uma vacina que seja refratária às mutações que o vírus sofre quando ela é desenvolvida a partir de um alvo que é mais estável e menos suscetível a mutações destas variantes.

“O mundo todo vive uma crise de suplemento de vacina, então não faz muito sentido ficar reforçando em determinados países, quando você tem países e continentes, como o caso do Africano, que tem ainda uma subvacinação muito importante”, conclui.