Berço do surfe no País, na década de 1930, Santos celebrou, na manhã de terça-feira (28/6), na praia do Gonzaga, os 31 anos de atividades da primeira escola pública de surfe no mundo. Em três décadas, são mais de 30 mil alunos atendidos e histórias que fazem o coração sorrir.
Uma dessas trajetórias é a do aposentado Francisco de Aguiar, 77 anos. Praticante há 15 anos, ele é o aluno mais antigo da Escola Radical de Surfe e, mais uma vez, estava empolgado para outro dia frente a frente com as ondas. Ainda mais em uma data especial. Seo Chico, como é conhecido pelos amigos, era visivelmente dos mais animados entre os 42 alunos presentes na aula de aniversário.
“O surfe mudou a minha vida. Sofri um acidente de carro há 15 anos e, desde então, um esporte que começou como fisioterapia hoje é uma alegria semanal. O surfe me livrou de uma cirurgia nas costas e confesso que sou apaixonado pelo esporte”, ressaltou ele, acompanhado da mulher, Edmea Pereira, 75, também aluna da unidade.
“Costumo dizer que a aula é a surfeterapia para o corpo e a mente. E a Escola Radical é maravilhosa, nossa segunda família. Toda semana não vemos a hora de chegar a terça-feira”, completa Edmea, logo após sair da água, ainda com a prancha nas mãos.
Vinculada à Secretaria Municipal de Esportes (Semes), a escola conta com a parceria da Blue Med Saúde e atende atualmente 400 pessoas, com aulas de surfe e bodyboard, divididas entre turmas de oito a 49 anos e 50+.
À frente da escola está o coordenador Cisco Araña, primeiro surfista profissional do Estado de São Paulo e idealizador do projeto em Santos. Para ele, a escola significa mudança de vida para muitos alunos.
“A escola proporciona qualidade de vida das mais diferentes formas. No caso dos idosos, ainda mais em época de pandemia, tiramos muitos deles da solidão e da depressão. Ver o sorriso dessas pessoas ao cair na água é gratificante demais”, observa Cisco.
Fundada em 1991, a Escola Radical ainda conta com a modalidade de surfe adaptado, cuja sede foi inaugurada em 2020 no posto 3, também na Praia do Gonzaga. Ali são atendidas pessoas com todos os tipos de patologias e restrições motoras.
Após uma hora e meia na água, mais uma aula de terça-feira chegou ao fim. Cisco, Francisco, Edmea e mais 40 pessoas, entre professores e alunos, deixaram suas pranchas na areia. Sentados em círculo e ouvindo o barulho do mar, meditaram durante alguns minutos.
Em seguida, se abraçaram, ecoaram a saudação ‘aloha’ (palavra havaiana que significa ‘olá’ e ‘tchau’) e caminharam rumo ao Posto 2. Lá, sob a estátua de Osmar Gonçalves, pioneiro do surfe brasileiro, era hora de cortar o bolo, bater um papo e celebrar mais um aniversário da Escola Radical de Surfe.