Muita coisa mudou desde a época em que os egípcios assavam uma massa de grãos fermentada, coberta de ervas, para comemorar o aniversário do faraó. E lá se vão ao menos 6 mil anos! Mas a pizza se tornou um dos alimentos mais apreciados do planeta por sua simplicidade, versatilidade e, evidentemente, sabor! Neste Dia da Pizza, conheça a história desse prato mundial.
Apesar de esta herança histórica nos remeter ao Egito, o berço esplêndido da comida é a Itália. Por conta dos intensos intercâmbios comerciais, durante a época que os livros escolares denominam Mercantilismo, a ancestral da pizza acabou chegando a Napóles.
Os italianos tiveram contato com uma comida muito apreciada pelo turcos otomanos: um disco de massa, coberto com carne moída e cebola (alguma semelhança com a esfiha aberta não é mera coincidência).
Os cozinheiros de plantão começaram a preparar a comida adicionando ingredientes locais sobre a massa e fizeram o maior sucesso. Naquele tempo (estamos falando por volta de 1700 d.C), a pizza era um alimento destinado aos mais pobres, feito com ingredientes baratos, preparado em plena rua, para “matar a fome”. As mais populares eram as que levavam toucinho, peixes fritos (!) e queijo.
A pizza caiu literalmente no gosto popular e ganhou o mundo, também literalmente, por conta dos fluxos imigratórios de italianos, principalmente no final do século 19 e começo do 20. Entre os principais destinos, o Brasil.
Primeira e inesquecível pizza
A primeira pizzaria do mundo, a
Port´Alba, foi inaugurada em 1830, em Nápoles. Funciona até hoje, no número 18 da Via Via Port’Alba. As pizzas eram preparadas na frente do cliente: as massas abertas em um balcão de mármore e depois assadas em um forno a lenha. Adotava um sistema de pagamento chamado “pizza a oto”, no qual o cliente pagava apenas oito dias depois de comer. Daí surgiu uma piada de que a pizza do lugar poderia ser a última refeição grátis da pessoa.
Com o passar do tempo, a Pizzeria Port’Alba tornou-se ponto de encontro de artistas e escritores, que trocavam ideias e acabavam se inspirando para suas obras. Dizem, mas aí é pura lenda, que Alexandre Dumas teve a ideia de escrever “Os três mosqueteiros” no local.
Pizzaiolo fez uma bela homenagem à rainha
A pizza era uma comida para duros, como escritores e poetas, que não tinham dinheiro mas gozavam de prestígio entre os nobres e burgueses. De tanto ouvir artistas falarem bem sobre a pizza napolitana, o Rei Humberto foi à cidade experimentá-la, em 1889. O pizzaiolo mais badalado de Nápoles, Raffaele Esposito, da Pizzeria di Pietro, preparou duas redondas: uma com gordura, queijo e basílico (erva da família do manjericão) e outra com mozarela, tomate e basílico. A rainha adorou a segunda e o pizzaiolo decidiu homenageá-la, dando o nome dela à pizza: Margherita. Por coincidência ou não, os ingredientes têm as mesmas cores da bandeira italiana (vermelho, branco e verde).
Hoje, no lugar da Pizzeria di Pietro funciona a Pizzaria Brandi, mas uma carta de congratulações assinada pelo então chefe de cozinha real, Galli Camillo, ainda está lá.
Fatias vendidas pelas ruas
No Brasil, a primeira pizzaria foi aberta em 1910, por Carmino Corvino, um napolitano legítimo, conhecido na época como Dom Carmenielo. Ele chegou ao país em 1897 e, como outros imigrantes, teve que se virar. Passou a vender pizza em pedaços pelas ruas. Fazia em casa e as transportava num tambor, com carvão em brasa, para que não esfriassem.
O negócio evoluiu e ele abriu a cantina Santa Genoveva, no bairro do Brás, em São Paulo. o estabelecimento não existe mais, mas um dos netos de Corvino abriu uma pizzaria e cantina na avenida Pompeia, 765, em São Paulo, chamada Dom Carmenielo.
Massa bem sovada
Cada um tem o sabor de sua preferência, mas todos os que gostam de uma boa pizza não abrem mão de uma massa saborosa. Apesar da receita simples, com poucos ingredientes, nem todas agradam.
Para o preparo da massa, usa-se farinha de trigo, açúcar, sal, azeite, água e fermento. Algumas pizzarias substituem o trigo, usando
biomassa de banana, trigo integral ou até mesmo outros cereais.
Uma etapa importante no processo é sovar bem a massa e deixá-la em repouso, para a ação do fermento. Alguns pizzaiolos chegam a deixar a massa descansando durante até três dias. Além da técnica, é fundamental a qualidade dos ingredientes utilizados.
E o molho?
O molho de tomate é um coadjuvante que, se não for preparado adequadamente, pode acabar com a festa. Cada um tem sua receita, com condimentos mais pronunciados ou mais sutis, mas se a acidez não estiver no ponto…
Origem do Dia da Pizza
10 de julho é o Dia da Pizza pois foi neste dia que aconteceu a final de um concurso realizado em 1985, pela Secretaria Estadual de Turismo, para eleger as dez melhores receitas de mozarela e margherita. Mas todos sabemos que data Dia da Pizza é dia sim, outro também…
Quando começou esta história de “acabar em pizza”?
Quando um escândalo na política não dá em nada, costuma-se dizer que “acabou em pizza”. Esta expressão surgiu na década de 1960, quando conselheiros do Palmeiras trocavam acusações, em meio à crise do momento no clube. Após 14 horas de discussões, todos ficaram com fome e decidiram ir a uma pizzaria. Beberam muito vinho, comeram 18 pizzas e chegaram a um entendimento. O jornalista Milton Peruzzi acompanhou tudo e ditou a manchete da Gazeta Esportiva do dia seguinte: “Crise do Palmeiras termina em pizza”.
A maior pizza de todas
O Guiness Book registra que a maior pizza do mundo foi “servida” em um ginário de Roma (Itália), em dezembro de 2012. Ela tinha 1,2 mil metros quadrados, 40 metros de diâmetro e foi batizada de “Ottavia”, em homenagem ao primeiro imperador romano. Detalhe: sua massa era 100% sem glúten.
No Brasil, a maior pizza já feita, em Canela (RS), em julho de 2014, tinha “apenas” 3,1 metros de diâmetro e 156 quilos. Depois de medida, ela foi devidamente devoarada por alunos de escolas públicas da cidade.