Comportamento Saúde

Dependência emocional torna mulher refém do próprio sentimento

09/12/2022
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Psicóloga explica que problema pode ser comparado a uma dependência química

Irritação, tristeza constante, oscilações no humor, pensamento constante no parceiro. Sentimentos negativos como estes indicam que a mulher pode estar sofrendo de dependência emocional do companheiro, um problema muitas vezes difícil de ser identificado mas que provoca graves consequências.

“A dependência emocional é muito próxima de uma dependência química”, alerta a psicóloga Pryscila Sossai, que vem se dedicando a atender mulheres nesta situação. Ela explica que este problema se caracteriza pela necessidade da mulher tem a presença do outro para se sentir bem. “Todos nós precisamos ter outras pessoas ao nosso redor, é bom estar com o parceiro, projetar coisas com ele, mas quando percebemos que é uma necessidade torna-se um problema”, completa.

Sinais da dependência emocional

A psicóloga destaca que a frequência e intensidade desta dependência amorosa determinam se a situação ultrapassou os limites do tolerável. “A pessoa fica infeliz com a ausência do parceiro. Faz uma viagem com amigos ou familiares mas ela não é prazerosa. Tenta o tempo todo estar conectada com o parceiro, precisa saber o que ele está fazendo, cada passo que está dando”.

Pryscila Sossai explica que este problema é muito diferente do ciúmes, que segundo ela é natural em uma relação. “Ele faz com que a gente cuide do relacionamento e dê a ele uma importância real. O problema é o ciúme exacerbado, quando a pessoa está o tempo todo com medo de perder. O outro vai para o supermercado e a mulher fica aflita, angustiada, se ele demora para responder mensagens no whatsapp. Aí começa a criar fantasias, de que o parceiro não foi no supermercado”, destaca.

Como sair da dependência amorosa

Pryscila é taxativa ao explicar como se enfrenta o problema: da mesma maneira que um dependente químico, um dia após o outro. Assim como o alcoólatra fala “hoje eu não bebi”, a mulher deve primeiramente reconhecer a existência da situação.

O passo seguinte e adotar comportamento que quebrem este círculo vicioso. “Buscar outros prazeres no dia a dia, fazer uma viagem com as amigas sem ele, fazer um curso fora da cidade. Procurar outros prazeres que não sejam aquele objeto de desejo, que é o parceiro”.

A psicóloga adverte que é mulher sozinha não consegue superar a situação, precisa de apoio profissional (psicólogo ou psiquiatra) e também participar de grupos de apoio, como o “O laço que se torna nó”. A dinâmica inclui palestras, discussões e atividades que buscam reparar a saúde mental e a autoestima.

A especialista ressalta que é fundamental que as mulheres compartilhem suas experiências. “É um projeto que dura nove meses, em que elas vão procurar entender e identificar essas dores mais específicas que elas vivenciam num relacionamento amoroso. Nove meses é uma simbologia, pois representa um processo de transformação da mulher. Cada mês ela vai identificando um sentimento e vai transformando essas emoções”, completa.

Mais informações:

Clínica Sossai Fortiori- Av. Conselheiro Nébias, 756, sala 1106. WhatsApp: (13) 98167-9967. Instagram: @olacoquesetornano

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A psicóloga Pryscila Sossai exemplifica: “Ela questiona o parceiro por algo que eu viu no celular dele e ele nega, manipula, e a faz acreditar que aquilo é coisa da cabeça dela. O homem a coloca como “louca” ou “descontrolada”. E, por isso acontecer sistematicamente, ela acaba acreditando que teve uma alucinação. O homem acaba tendo o poder da consciência sobre ela mesma, seus atos e comportamentos”, explica.

Ela explica que, para escapar desta verdadeira armadilha emocional, a mulher deve procurar ajuda, e não tentar resolver sozinha. “Alguém tem que dar o suporte e ajuda para ela se reconectar consigo mesma. Trabalhar sua consciência e entender quem ela é, identificar os sentimentos que mais a manipulam”.