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Democracia em risco? Ensaios sobre o exercício cívico democrático no Brasil

26/10/2022
Democracia em risco? Ensaios sobre o exercício cívico democrático no Brasil | Jornal da Orla

A política brasileira reconfigurou-se em 2018: esquerdas e direitas moderadas foram vergadas pela extrema direita conservadora. Refletindo um movimento mundial, o debate político do país foi cooptado pelas pautas da ultradireita: aborto, armas, as “tradições da família”, religião na política e uma ortodoxa economia neoliberal pelo capital em detrimento do trabalho.

À evidência que tudo isso não é um fato isolado. O Brasil, rendido pela moderna técnica de dominação das redes (a aliança bolsonarista com Steve Bannon rendeu frutos), assistiu ao rebaixamento proposital do discurso político e, assim, perdeu-se no labirinto ideológico da extrema direita. Para analisar todo esse contexto, a Companhia das Letras lançou o excelente livro Democracia em risco?, composto por 22 ensaios escritos por referências das ciências exatas e humanas brasileiras.

Avança o cortejo sombrio que ergue a Constituição numa mão, a Bíblia na outra e grita – num paradoxo insolúvel – pelo armamento do povo, fim do STF e desconsideração dos direitos humanos, tudo orquestrado por homens diversas vezes casados mas que se dizem pró-família. Caberá ao eleitor, em breve, levar esse cortejo às últimas consequências ou optar por outro alvorecer.

Motivos para ler:

1- Carl Sagan, astrofísico que comandou as primeiras viagens espaciais da NASA e acessou o coração de todos com seus livros e a série de TV Cosmos, dizia que lugares que desprezam a intelectualidade são mundos infestados de demônios. Quanto menos ciência, mais barbárie. Os 22 ensaístas de Democracia em risco? são grandes expoentes de suas ciências, merecem respeito e, bem por isso, particular atenção;

2- O labirinto da extrema direita é assim chamado porque as pessoas não conseguem dele sair, crendo nas mais rasas mentiras. Em tons binários e infantis, suas pautas são em verdade contra a liberdade porque tratam de temas que não caberiam ao Estado tutelar (a religião, p. ex.). Pleiteiam “menos Estado” mas paradoxalmente querem um Estado opressor das liberdades de foro íntimo das pessoas;

3- Sempre vale estudar: descubra como funcionam as modernas sociais-democracias (seguro social forte, preocupação com salários/aposentadorias e investimentos de base) e os neoliberais (Estado mínimo, desregulação, mercado como protagonista). A chave da abóbada, que abre todas as portas, continua sendo o conhecimento. Caberá a você definir em que tipo de Estado pretende viver.

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