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Dados “apagados” da pesquisa reforçam possibilidade de definição no primeiro turno

29/07/2022
Dados “apagados” da pesquisa reforçam possibilidade de definição no primeiro turno | Jornal da Orla

Taxas de rejeição e índice de certeza de voto indicam cenário favorável a Lula

É natural que os índices de intenção de voto sejam os que mais chamam a atenção nos resultados de uma pesquisa eleitoral. Mas alguns recortes do mais recente levantamento feito pelo Datafolha, divulgado na quinta-feira (28), indicam uma forte possibilidade de vitória do ex-presidente Lula ainda no primeiro turno.

Os principais números da pesquisa (intenção de voto) acabam ofuscando outros dados do levantamento. Rejeição ao candidato, índice de certeza da intenção de voto e avaliação do governo são aspectos que ajudam a definir as tendências do comportamento de eleitor e, consequentemente, o resultado em si da eleição em 2 de outubro.

 

Intenção de voto

Os resultados mais chamativos da pesquisa (a intenção de voto em si) Datafolha revelam que, se a eleição fosse hoje, o ex-presidente Lula ganharia no primeiro turno. Ele tem 52% dos votos válidos, mais do que a soma dos demais candidatos: Bolsonaro tem 32%; Ciro Gomes, 9%. Esta ampla vantagem já é suficiente para demonstrar o favoritismo de Lula, mas outros dados da pesquisa reforçam este quadro.

 

Rejeição

O Datafolha mostra também que 53% dos ouvidos não votariam em Bolsonaro “de jeito nenhum”. Este número indica, matematicamente, a impossibilidade do atual presidente ser reeleito. Ao mesmo tempo, o índice de rejeição de Lula é de 36%, ou seja, existe uma ampla fatia do eleitorado que poderia votar no ex-presidente.

 

Avaliação do governo

A rejeição ao presidente é confirmada quando é medido o desempenho do governo Bolsonaro. Segundo o Datafolha, 45% dos eleitores reprovam a gestão federal, classificando-a como “ruim” ou “péssima”.

Além disso, 52% dos eleitores dizem “nunca confiar em nada” do que Bolsonaro diz.

 

Certeza do voto

A pesquisa mostra que 79% dos eleitores de Lula afirmam estar totalmente decididos de que vão votar no ex-presidente. Entre os eleitores de Bolsonaro, o resultado é o mesmo: 79%. O que chama a atenção neste recorte —e pode ser decisivo na definição do primeiro turno— é o grau de certeza do eleitor de Ciro Gomes: 65% deles admitem que “podem mudar” e votar em outro candidato, ou mesmo se abster, votar em branco ou nulo. Esta migração, caso ocorra para Lula ou estas intenções de transformem em votos não-válidos (abstenção, brancos ou nulos).

O Datafolha e outras pesquisas mostram que a intenção de voto em Ciro é um sinal de rejeição tanto a Lula quanto a Bolsonaro, mas também indicam que, caso ocorra uma migração, ela seria em direção a Lula e muito pouco provável em benefício de Bolsonaro —o próprio eleitor de Ciro se identifica como do campo progressista, ou seja, esquerda/ centro-esquerda.

 

O teto de Bolsonaro

Os índices positivos do presidente  — intenção de voto, (29%), aprovação ao governo (28%), certeza de voto (79%) e sempre confiam no que ele diz (18%)  —mostram que Bolsonaro atingiu o seu teto e não tem mais como evoluir.

 

Desistências e apoios

Além dos números do Datafolha, duas movimentações políticas reforçam o cenário favorável ao ex-presidente Lula. O candidato a presidente pelo Avante, André Janones (que tem 2% das intenções de voto), acena com a possibilidade de desistir e apoiar Lula. O candidato do União Brasil, Antônio Bivar, também sinaliza para o mesmo sentido. Embora tenha índices pífios nas pesquisas (no máximo 1%), estes poucos votos podem ser decisivos para definir se a eleição será decidida no primeiro turno ou não.

Mas não se pode nunca esquecer a frase do político mineiro Magalhães Pinto: “política é como nuvem no céu, cada hora que você olha está de um jeito…”