Gabriela Martinez
Uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que que 18,6 milhões de brasileiras foram vítimas de algum tipo de agressão em 2022. Com base nessa informação, a Prefeitura de Santos estendeu o curso de defesa pessoal feminina ‘Eu me Defendo’, criado em 2019, para mulheres com deficiência física, visual e auditiva. A última edição do ocorreu neste sábado (30), na Arena Santos.
“Nós ensinamos algumas técnicas básicas para que elas tenham a oportunidade de se proteger durante uma situação de agressão ou ameaça. O que fazemos é mostrar o que se pode fazer quando se tem o treinamento correto”, afirma o professor de caratê Fábio Abreu, da Secretaria Municipal de Esportes (Semes), que conduziu o encontro. “O objetivo é conscientizá-las da importância de praticar alguma arte marcial como forma de autodefesa”.
Fabio ensina na prática maneiras de as mulheres se protegerem dos ataques considerados mais comuns no dia a dia. As alunas interagem entre si, sempre com uma delas fazendo o papel do agressor, enquanto a outra fica na posição da vítima que tentará se defender. São utilizadas técnicas de caratê, mas também referências do muay thai, judô, jiu-jítsu e taekwondo. “Procurei fazer um mix de tudo”.
São ensinadas técnicas evasivas, como saídas de diversos tipos de agarramento e imobilizações, de projeção ao solo e, ainda, as contundentes, com a utilização das armas naturais do corpo humano. Essa ação é uma iniciativa das coordenadorias de Políticas para a Mulher (Comulher) e de Defesa de Políticas para Pessoa com Deficiência (Codep), ambas ligadas à Secretaria da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos (Semulher).
Roseli Madeira Fontes é cadeirante e participou da ação pela terceira vez. “Eu já faço capoeira, então é uma complementação”, disse. “Espero nunca ter que usar, mas aprendizado nunca é demais”.
Kerolaine Barbosa tem deficiência auditiva e elogiou o curso: “Vim para aprender como a mulher pode se defender. Como posso ter segurança, porque podemos ser vítimas na rua, em casa, em qualquer lugar”, afirmou, com o auxílio da intérprete que integra o workshop.
Coordenadora de Políticas para Pessoas com Deficiência da Prefeitura de Santos, Cristiane Zamari explicou que a atividade integrou o pacote de ações do Mês Oficial de Inclusão Social das Pessoas com Deficiência (setembro): “As mulheres deficientes são duplamente vulneráveis, conforme convenção da ONU (Organização das Nações Unidas). Queremos conscientizá-las de que elas também têm condições e habilidades para se defender”.