Miopia e estrabismo na infância aumentam a chance de a criança desenvolver depressão e ansiedade. Essa foi a conclusão de um estudo publicado na revista Ophthalmology, da Associação Americana de Oftalmologia.
Uma das hipóteses do estudo é de que as crianças com problemas visuais participam menos de atividades físicas, apresentam problemas de aprendizagem e têm mais dificuldades nos contatos sociais.
Além disso, o estrabismo, por ser mais aparente, pode submeter a criança ao bullying e prejudicar a autoestima. O mesmo estudo apontou que as crianças que foram submetidas à cirurgia de correção do estrabismo apresentaram melhora nos sintomas da depressão e ansiedade.
Segundo a oftalmopediatra especialista em estrabismo Marcela Barreira esse estudo ajuda na compreensão da ligação entre os problemas visuais na infância com a saúde mental das crianças, área que ainda carece de mais pesquisas.
“Contudo, o mais importante é sabermos que a maioria das condições e doenças oculares podem ser resolvidas. Os erros refrativos como miopia, astigmatismo e hipermetropia são facilmente corrigidos com óculos de grau. Já o estrabismo é tratado com a cirurgia de correção do desvio ocular, exceto quando o desalinhamento é gerado pela hipermetropia. Nesses casos, o tratamento é o uso de lentes corretivas”, reforça.
Estrabismo não é questão estética
O estrabismo é uma condição que surge na infância na maioria dos casos. Como o desenvolvimento visual ocorre entre o nascimento até por volta dos sete anos, qualquer alteração na visão nessa fase pode comprometer o sistema ocular.
Caso não tratado, pode causar a perda da visão binocular, responsável por vermos em profundidade e em 3D. “Portanto, é preciso quebrar esse mito da estética e aumentar o conhecimento da população em geral, em especial dos pais, a respeito da necessidade de correção do desalinhamento visual ainda na infância”, explica a médica.
A melhor maneira de cuidar da saúde visual das crianças é levar o bebê em seu primeiro ano de vida a um oftalmopediatra. Nessa consulta é possível diagnosticar erros refrativos, estrabismo e outras condições visuais que podem ser tratadas ainda na infância.
“Assim que a criança entra na fase pré-escolar, o exame oftalmológico é ainda mais importante para prevenir dificuldades escolares e problemas de aprendizagem”, finaliza.