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Contato, precioso romance de Carl Sagan

17/11/2021
Contato, precioso romance de Carl Sagan | Jornal da Orla

Carl Sagan viveu mil vidas em uma. Condecorado cientista, comandou desde o início o projeto de exploração espacial estadunidense. Seu intelecto exuberante não se restringiu às ciências: posicionou-se nos eventos sociais da época (guerras Fria e do Vietnã, a emancipação da mulher, as pseudociências, o descaso ambiental), conhecia história e filosofia a fundo e era um literato. Excelente comunicador, soube levar os mistérios do universo a todos. Sua série televisiva Cosmos e seus livros são cultuados até hoje. Um talento único, um homem fascinante e um ser humano formidável.

Contato é o único e precioso romance de Sagan. Nele acompanhamos a vida de Ellie desde o nascimento até o auge profissional, chefiando o setor de radioastrologia do prestigiado MIT-Harvard. Ali passa os dias mapeando o céu astronômico. E então é captado um sinal de rádio vindo de Vega, a brilhante estrela da Constelação de Lira, carregando uma intrigante mensagem que desencadeia fortes consequências políticas, sociais e religiosas. O mundo nunca mais seria o mesmo.

Um emocionante romance do início ao fim, muito bem construído por uma das mentes científicas mais brilhantes da espécie humana. Uma façanha cósmica inesquecível.

Motivos para ler:
1- Carl Sagan foi gênio. Reverenciado, citado e muito lido, situa-se na categoria humana mais bela: ele é inspiração. Foi o maior cientista de seu tempo e escrevia muito bem, o que lhe rendeu o cobiçado Prêmio literário Pulitzer. Uma personalidade que cativou o mundo e serviu de farol para a humanidade em tempos difíceis;

2- A grande lição que Sagan quis deixar com este querido livro foi possivelmente esta: percebermo-nos mais como “civilização humana”, menos como “patriotas”. Somos terráqueos. Somente com esta consciência o mundo notará o ridículo dos falsos patriotas, o absurdo do descaso ambiental; enfim, toda a estupidez que nos apequena e nos coloca como civilização de curto prazo – o que poderá ser a nossa ruína;

3- Carl dizia que, mesmo depois de tantos anos, sentia-se comovido diante de um céu estrelado. Todos nós já sentimos isso. O universo é um deslumbre, um tesouro escuro e misterioso da natureza. É o que o livro transmite, assim como o filme homônimo estrelado por Jodie Foster e Matthew McConaughey.