Esse é o resumo do cenário que encontrei no local onde ocorreu o incêndio que teve inicio por volta das 22h da segunda-feira (4) e destruiu cerca de 160 casas de madeira no Dique da Vila Gilda, no caminho São José, em Santos.
Apesar do auxílio da população para conter o fogo, os bombeiros levaram mais de quatro horas para controlar a situação.
A primeira vista não é possível enxergar o estrago, já que as casas de alvenaria escondem as palafitas e barracos onde o acesso só é possível pelos becos. Entretanto, fui surpreendido por uma pilha de carcaças de eletrodomésticos carbonizados no melo da rua, cercada de pessoas sentadas nas calçadas e nos estabelecimentos em volta.
Eu cheguei no local cerca de 12h após o incêndio, mas ainda assim era possível enxergar pequenos focos de chamas e brasas, que ainda queimavam um ou outro pedaço de madeira e papel e soltavam muita fumaça. A expressão de cansaço. tristeza e desespero estava estampada nos rostos das famílias.
Por lá, além dos moradores – dos que ainda tinham uma casa – que recolhiam os pertences que sobraram e limpavam a casa, crianças circulavam pelos destroços procurando fios de cobre ou qualquer outra peça que pudessem vender para fazer um trocado. Parece que nada tinha acontecido pra eles. Andavam com um sorriso que ficava cada vez maior a cada peça que achavam.
Também estavam presentes os animais de estimação, como Bob e Max, pets da autônoma Jennifer Cristina de Telles, que chegou no local há 2 anos e terá de se abrigar na casa do irmão. Sobre os cachorros, ela ressalta que será difícil a adaptação. “O local pra onde eu vou já tem um cachorro, vai ser complicado pra eles se adaptarem a um novo local Eu não sei nem como vou conseguir comprar ração pra eles”, afirma.
Caminhando um pouco pela rua lotada, a informação deque a UME Prof. Pedro Crescenti estava distribuindo almoço começou a circular. Cheguei na escola junto com uma remessa de doações sob os alertas dos guardas municipais: ‘Amanhã, as doações acontecem no Arte no Dique!”
A escola ainda estava vazia (de pessoas) mas lotada de doações, como roupas, comida, água ou produtos de higiene pessoal Algumas famílias Já estavam escolhendo roupas e recolhendo doações.
Famílias receberão auxílio
Em nota, a Prefeitura de Santos afirmou que a COHAB-Santista vai utilizar o cadastro da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds) para verificar se essas pessoas já serão atendidas pelo Conjunto Habitacional Tancredo Neves III e irá agilizar a mudança das famílias atingidas.
A Prefeitura ainda Informou que existem mais 1298 unidades habitacionais em construção, dessas 1014 são para o atendimento de famílias que vivem em palafitas.
A Prefeitura declarou estado de emergência e irá pagar um auxílio emergencla1 s famílias atingidas. O primeiro auxilio deve ser pago ainda nesse mês de setembro como valor de R$ 1.200,00; nos meses seguintes o pagamento será de R$600 até que as famílias sejam contempladas pelos projetos habitacionais.
A prefeitura também irá oferecer assistência psicológica e social para atender as famílias.
Doações
Existem diversos pontos espalhados pela cidade recebendo doações. o Fundo Social de Solidariedade (Av. Conselheiro Nébias, 388,Encruzilhada) vai funcionar 24h. A Prefeitura Regional da Zona Noroeste também está recebendo doações (Avenida Nossa Senhora de Fátima, 456/460).A quadra da Unidos da Zona Noroeste (Rua Prof. Francisco de Domênico) e o Arte no Dique(Av. Brigadeiro Faria Lima,1349) também estão recebendo donativos.