Os cigarros eletrônicos aumentam a possibilidade de o fumante desenvolver câncer na boca, porque estes dispositivos de entrega de nicotina podem danificar a informação genética no interior de uma célula, causando mutações — são as chamadas alterações genotóxicas.
O dentista Sandra Silva Marques alerta que, diferentemente do que muita gente pensa, os cigarros eletrônicos ou outras formas alternativas de consumo de nicotina, como o narguilé, também oferecem risco à saúde. Ela acrescenta que o consumo de cigarros eletrônicos também pode causar irritação na boca e garganta, náuseas, tosse e mal-estar.
“Os cigarros eletrônicos produzem substâncias químicas como o acetaldeído e formaldeído (formol), cuja inalação pode estar relacionada às doenças pulmonares e cardiovasculares”, explica ela, que é pós-graduada em dependência química pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Cigarro eletrônico: jovens começam a fumar
Dados do Centro Oncológico da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (FOA/Unesp) revelam também que os pacientes diagnosticados com câncer de boca começam a fumar com uma idade média de 12 anos. “Os pacientes que desenvolvem câncer de boca associado ao consumo de tabaco começam a fumar muito cedo, o que denota a necessidade de estabelecermos estratégias de prevenção para o tabagismo desde a infância e adolescência”, afirma o professor de Estomatologia da FOA/Unesp, Daniel Bernabé.
Segundo ele, o aconselhamento e tratamento do tabagismo deve ser oferecido para todos os fumantes e deve fazer parte do suporte oncológico multidisciplinar para pacientes com câncer de boca. “Além do câncer de boca, o consumo de tabaco também predispõe ao desenvolvimento de algumas lesões cancerizáveis como a eritroleucoplasia, leucoplasia e a eritroplasia”.
O especialista alerta para o crescente consumo, principalmente por jovens, de formas alternativas de nicotina, como o narguilé e os denominados sistemas eletrônicos de entrega de nicotina, tais como os cigarros eletrônicos ou vapes.
Cigarro eletrônico aumenta risco de doenças bucais
O tabagismo também aumenta a incidência de doenças bucais como periodontite e halitose, e ainda induzir as pigmentações nos dentes e mucosa. Dados do Centro de Oncologia Bucal (COB), uma unidade auxiliar vinculada à FOA/Unesp) especializada no diagnóstico e tratamento do câncer de boca, mostram que mais de 80% dos pacientes diagnosticados com câncer de boca apresentam histórico de tabagismo. Destes, cerca de 75% consomem cigarros em conjunto com o álcool.
Os registros também mostram que a maioria dos pacientes que desenvolveram câncer de boca fumou mais de 35 anos ao longo da vida e consumia, em média, 20 cigarros por dia, denotando uma relação direta do desenvolvimento dos tumores de boca na população de tabagistas com o tempo e intensidade do consumo de cigarros.
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