Fronteiras da Ciência

Botões milagrosos

09/02/2024
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Era uma vez uma cidade muito gelada, como gelada também era a relação entre os seus habitantes.

Viviam isolados, cada qual em sua própria casa.

Um dia, um mendigo chegou à cidade.

Sofrendo com o frio e com a fome, bateu em várias portas.

Mal as portas se abriam, ele era expulso com gritos e xingamentos.

Quando se levantou para seguir seu caminho, em busca de uma cidade mais acolhedora, percebeu que havia uma porta entreaberta. Era a porta do templo que se abria e fechava com o vento.

Foi entrando devagar.

Encontrou o guardião do templo e seu ajudante, ambos congelados naquela cidade cinzenta e fria.

Cumprimentou-os sem nenhuma resposta.

Então, ele falou bem alto:

Que pena que não poderei fazer aquela sopa quentinha, para espantar o frio e matar a fome.

Sopa? -falou interessado o velho guardião.

Sim, eu sei fazer uma deliciosa sopa de botão de osso.  São necessários 6 botões, mas eu só tenho 5.

Eu não tenho nenhum botão de osso -Foi a resposta.

Mas o alfaiate poderá nos ajudar -interveio o ajudante, animado.

A vontade de tomar uma sopa quente fez com que buscassem o alfaiate.

O alfaiate providenciou o botão, com uma condição: iria junto para ver o milagre da tal sopa.

O mendigo pediu também colher de pau, panela grande, faca, e outras coisas.

E foi assim que o guardião do templo, seu ajudante e o alfaiate, saíram pelas ruas, batendo de porta em porta para pedir os utensílios para se fazer a sopa de botão de osso.

Uma a uma, as pessoas foram se juntando, na praça, até que tudo havia sido providenciado.

O mendigo provou e disse que a sopa estava boa mas, poderia ficar ainda melhor se alguém trouxesse um pouco de cenoura, repolho, sal, pimenta, alho, e outros ingredientes.

As pessoas foram se achegando e trazendo algo mais para tornar a sopa mais substanciosa e saborosa.

A sopa ficou pronta. Todos se serviram. Mais de uma vez.

Surgiu até alguém para tocar um acordeão e o povo dançou a noite toda.

No dia seguinte, não faltaram portas se abrindo para o mendigo se abrigar do frio.

Como ele tinha que seguir o seu caminho, despediu-se e se foi, não sem antes deixar os botões milagrosos para que pudessem continuar fazendo a sopa.

[com base em texto de Aubrey Davis e na Red. do Momento Espírita]

Muito tempo se passou e os botões se perderam.

Mas todos já haviam descoberto que o verdadeiro milagre não estava nos botões, e sim na solidariedade que agora reinava entre eles.

 

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