Quando Satoshi Nakamoto lançou a bitcoin em 2009 estava longe de imaginar que passados 15 anos, esta atingisse valores astronómicos como os que pode consultar no gráfico bitcoin hoje, mas não só. Ele não esperava que ela se tratasse de um instrumento de especulação financeira, pelo menos, não há indícios ou registos que apontem nesse sentido.
O white paper da bitcoin não refere em nenhum momento que a criptomoeda pode vir a ser utilizada como um ativo. Aliás, a palavra “investir” e “investimento” é encontrada 0 vezes nesse documento. Nos vários emails que o programador trocou em 2012, antes de se evaporar sem deixar qualquer registo, Nakamoto nunca relacionou a bitcoin com os mercados financeiros.
A ideia inicial de Satoshi Nakamoto
A promessa de Nakamoto era apenas a de uma versão peer–to-peer de dinheiro eletrônico, que permitisse que os pagamentos online “fossem enviados diretamente de uma parte para outra, sem passar por uma instituição financeira”, com transações anônimas, rápidas, e taxas nulas ou reduzidas. Graças à blockchain, que existia em conceito desde os anos 1990, mas nunca fora aplicada em nenhum sistema informático, o programador resolveu o problema do “duplo gasto” (double-spending). A bitcoin (ou qualquer outra criptomoeda), no entanto, nunca se impôs como moeda. Sim, há quem a use para comprar bens e serviços, como já explicámos. Mas são muitos mais aqueles que a usam como ativo de investimento. O que mudou?
Desde que foi criada, a criptomoeda de Nakamoto sofreu várias metamorfoses. Segundo um relatório do banco de investimento Morgan Stanley, datado de 2018, mas presciente a vários níveis, a bitcoin já atravessou sete fases, que ainda coexistem. Entre 2009 e 2016, foi vista como “dinheiro digital não rastreável e de confiança”, assim como um “sistema alternativo de pagamentos” e um “antídoto para o sistema financeiro em vigor”. Em 2015, no entanto, as regras do jogo mudaram e os “jogadores” mudaram também.
O que aconteceu em 2017?
Em 2017 foi o ano que o valor da bitcoin disparou e as moedas digitais passaram a ser vistas com outros olhos. Foi neste ano que um grupo de programadores promoveu – contra a generalidade da comunidade bitcoin – um hard fork (uma mudança profunda no código) na blockchain da criptomoeda, dando origem ao bitcoin cash. Quais as vantagens? Transações mais rápidas e menores custos associados. Na teoria, a mudança seria um upgrade bem-vindo, porque aumentava as hipóteses de a bitcoin ser usada como moeda.
Contudo, a larga maioria dos cripto entusiastas nunca adotou o bitcoin cash. Muitos rejeitam qualquer tipo de mudança profunda na bitcoin, com receio de que a criação de Nakamoto seja beliscada. Outros terão percebido que, apesar de o hard fork ter lascado momentaneamente o valor da bitcoin, a moeda original continuaria com mais adeptos, portanto manter-se-ia mais valiosa. O máximo de valorização do mercado que o bitcoin cash alcançou alguma vez foi dois mil milhões de dólares, enquanto a criptomoeda-mãe, no seu auge, chegou a valer um bilião e 135 mil milhões de dólares.
Como é que a Bitcoin se transforma num ativo
O negócio das corretoras de criptomoedas tem origens humildes e, no princípio as exchanges não pretendiam ser mais do que casas de câmbio permitindo-lhe comprar coisas na internet sem deixar qualquer rasto. Com o tempo, investidores institucionais começaram a adotá-la, aumentando sua legitimidade e estabilidade no mercado financeiro. A infraestrutura em torno da Bitcoin, como exchanges, custodians e produtos financeiros derivados, tem se desenvolvido, facilitando a sua integração no sistema financeiro tradicional e solidificando sua posição como um ativo robusto e versátil.
Quantas vezes já viu o símbolo da moeda num estabelecimento dando a indicação que é possível fazer um pagamento com este ativo? Isso é a demonstração que a Bitcoin se transformou ao longo do tempo. Apesar da sua volatibilidade, muitos utilizadores olham para ela como um investimento e o tempo tem-nos provado que é um investimento altamente rentável se for feito tendo em conta alguns critérios e informações.
O que esperar da Bitcoin no futuro?
A forma mais clara de descrever a evolução da bitcoin é dizer que foi reaproveitada e modificada. Da mesma forma que várias marcas enormes que estão presentes hoje nos quatro cantos do mundo se foram modificando, também a bitcoin se foi alterando. Quando se trata de prever o futuro do bitcoin, há dois potenciais resultados a considerar: o “the bull case” e o “the bear case”. O primeiro trata-se de uma visão mais otimistica e o segundo de uma visão pessimista. Prefere ver o copo meio cheio, ou o copo meio vazio?
O surgimento da bitcoin não foi apenas um marco na tecnologia financeira, mas também desencadeou uma revolução nas finanças globais, desafiando conceitos tradicionais de dinheiro e investimento. À medida que reguladores em todo o mundo tentam adaptar-se à ascensão das criptomoedas, o futuro da bitcoin continua incerto, mas promissor.
