Saúde

Automedicação para enfrentar doenças de inverno pode agravar problema

30/06/2023
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Ao menor sintomas de gripe, resfriados, alergias e inflamações das vias respiratórias, muitas pessoas buscam resolver o problema e tomam remédios por conta própria. No entanto, a automedicação para enfrentar as chamadas “doenças de inverno” pode trazer severas consequências.

Pesquisa do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade, em parceria com o Datafolha, mostrou que 89% das pessoas tomaram remédios por conta própria em 2022.

A clínica médica Maria Fernanda Uady Carvalho explica que, apesar de parecer uma solução simples e eficaz, a automedicação tende a ser perigosa, pois pode prolongar a recuperação de casos de fácil tratamento e mascarar doenças mais graves que exigem diagnóstico médico. “O uso de medicamentos inadequados ou em doses incorretas pode não apenas falhar em aliviar os sintomas, como também atrasar o diagnóstico e o tratamento adequados, permitindo que a doença progrida e cause complicações”, alerta.

Além disso, há também o risco de interação medicamentosa, que pode potencializar ou inibir os efeitos dos medicamentos. “Normalmente, a indicação para tratamento de resfriados e doenças respiratórias envolve analgésicos simples e soro fisiológico nasal, medicações que dificilmente vão trazer danos a curto prazo. Entretanto, ao utilizarmos combinações com anti-histamínicos, antialérgicos e vasoconstritores, existem riscos de efeitos colaterais, intoxicação por posologia inadequada e o surgimento de alergias”, adverte.

Cuidado com idosos

Segundo ela, o consumo de medicamentos sem prescrição médica pode ser especialmente prejudicial para idosos. As pessoas desta faixa etária têm maior probabilidade de apresentar reações adversas aos remédios devido a mudanças fisiológicas relacionadas à idade, como diminuição da função renal e hepática, e alterações na absorção dos medicamentos. “A automedicação também é perigosa porque aumenta o risco de efeitos colaterais indesejados no tratamento dessas condições e doenças crônicas comuns em idosos, resultando em complicações graves ou piora dos sintomas”, complementa a médica.

Ajuda profissional

Assim, consultar um profissional é essencial: um médico ou farmacêutico. O farmacêutico não realiza diagnóstico, mas orienta sobre o uso correto do medicamento prescrito. Eles podem fornecer informações sobre posologia adequada, efeitos colaterais, contraindicações e também esclarecer dúvidas sobre medicamentos de venda livre, para otimizar o consumo dos fármacos. “Nós, farmacêuticos, exercemos a função de orientar com o intuito de combater a automedicação. Utilizamos a assistência farmacêutica como estratégia para diminuir o uso desnecessário de medicamentos. Devemos estar sempre preparados para conscientizar os pacientes quanto a importância dos medicamentos, garantindo a segurança e eficácia dos mesmos”, explica a farmacêutica Alyne Blasio de Carvalho.