Digital Jazz

Até breve João Donato

21/07/2023
Até breve João Donato | Jornal da Orla

O genial pianista, compositor e arranjador acreano João Donato, infelizmente nos deixou na madrugada do último dia 17 de julho aos 88 anos. Ele foi um dos mais criativos artistas da nossa música e seu estilo mesclou a Bossa Nova com o Jazz e os ritmos latinos de uma forma única e atemporal.

Há exatos 4 anos atrás foi lançada uma caixa com 4 CD’s pelo selo Discobertas. O título desta caixa especial “A Mad Donato”, é uma alusão ao disco “A Bad Donato” lançado em 1970, que também considero uma preciosidade. O artista tinha um hiato de discos de estúdio na carreira entre os anos de 1975 e 1996.

Naquele período, Donato gravou 3 discos que nunca foram lançados e que agora pudemos ter acesso: Gozando a Existência (1978), Naquela Base (1988) e Janela da Urca (1989). O quarto disco é um álbum especial repleto de raridades dos anos 70. Nasceu absolutamente por acaso e meio sem querer.

No ano de 2014, com a autorização de João Donato, o produtor Marcelo Fróes teve acesso a um armário na sua casa, que continha surpreendentes 800 fitas cassete, todas organizadas, com datas de gravação e as fichas técnicas dos músicos que participaram das gravações.

Desta primeira remessa, considero como o mais importante o disco “Gozando a Existência”, álbum experimental gravado em 1978 e que teve a ajuda fundamental de Roberto Menescal, que cedeu gratuitamente na época, o estúdio da sua gravadora.

Do material garimpado, sobraram 9 faixas que tivemos acesso agora, com destaque para as importantes participações de Djavan (bem no início da sua carreira), Paulo Jobim, Alaíde Costa e José Amin.

Já o álbum “Naquela Base”, do ano de 1988 foi encomendado por um produtor japonês e é um disco totalmente instrumental, que contou com as participações principais de Luiz Alves no contrabaixo, Robertinho Silva na bateria e do saudoso Márcio Montarroyos no trompete, entre outros músicos.

O disco “Janela da Urca” do ano de 1989, é um disco 100% solo. João Donato gravou o disco no estúdio particular do cantor Ritchie e fez diversas experiências de sonoridades com sintetizadores e equipamentos modernos, tocando todos os instrumentos.

O último disco, “Raridades Anos 70” traz os clássicos “Não Tem Nada Não”, “Bananeira” e “Fim de Sonho”, que contou com a participação especial e delicada da cantora Nara Leão, sua grande e querida amiga de vida.   E como aprendemos com ele, só nos resta no momento pedir “água”. Viva João Donato! Eterno e gigante!