
O Quarto ao Lado, mais novo filme do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, já pode ser visto no streaming. O longa, que inexplicavelmente ficou de fora da disputa pelo Oscar 2025, entrou para o catálogo da Netflix nesta quarta-feira, 9 de abril, e rapidamente se tornou um dos títulos mais comentados da plataforma.
Estrelado por Tilda Swinton e Julianne Moore, duas atrizes consagradas do cinema contemporâneo, o filme acompanha o reencontro de duas antigas amigas que, após anos sem se verem, se isolam em uma casa no campo para reviver memórias, resolver pendências do passado e enfrentar uma dolorosa despedida.
Uma delas, diagnosticada com um câncer em estágio terminal, faz um pedido chocante: que a outra lhe ajude a morrer, antes que a doença leve sua dignidade e autonomia. O filme adapta com sensibilidade e intensidade um dos temas mais delicados da vida contemporânea: a finitude e o direito de escolha sobre a própria morte.
Almodóvar, conhecido por sua habilidade em tratar dramas humanos com uma paleta de emoções complexas e uma direção visualmente marcante, entrega aqui um de seus trabalhos mais sóbrios e melancólicos.
O Quarto ao Lado foi o grande vencedor do Festival de Veneza 2024, onde conquistou o prestigioso Leão de Ouro, o prêmio máximo da mostra.
A recepção calorosa por parte da crítica europeia e internacional destacou o filme como um dos melhores da carreira do diretor, elogiando especialmente a química entre as protagonistas e a abordagem madura do tema da eutanásia. O jornal britânico The Guardian chamou o filme de “uma meditação hipnótica sobre amizade, sofrimento e amor incondicional”.
Além do reconhecimento em Veneza, o filme também teve destaque na temporada de premiações. Tilda Swinton recebeu uma indicação ao Globo de Ouro 2025 na categoria de Melhor Atriz em Filme de Drama por sua atuação contida, mas profundamente comovente. Embora tenha perdido o prêmio para a brasileira Fernanda Torres, pelo elogiado longa Ainda Estou Aqui, sua performance foi amplamente celebrada por críticos e fãs.
No elenco de apoio, nomes de peso como John Turturro (Ruptura), Alessandro Nivola (Kraven, o Caçador) e o argentino Juan Diego Botto (O Esquadrão Suicida) contribuem para criar um ambiente íntimo e emocionalmente carregado. A presença de Turturro, em especial, chama a atenção em um papel sensível e inesperado que funciona como um contraponto masculino em um filme majoritariamente centrado em personagens femininas.
A fotografia do filme é assinada por José Luis Alcaine, colaborador frequente de Almodóvar, que mais uma vez entrega um trabalho visualmente impactante, mesmo optando por uma paleta mais sóbria do que o habitual. A trilha sonora, composta por Alberto Iglesias, também parceiro recorrente do diretor, acrescenta um tom introspectivo e discreto, reforçando o clima contemplativo da obra.
Com pouco mais de 100 minutos de duração, O Quarto ao Lado evita o melodrama fácil e aposta em diálogos densos e silêncios significativos, convidando o espectador à reflexão. O longa se destaca não apenas como mais um filme de qualidade na filmografia de Pedro Almodóvar, mas como um estudo sobre a empatia, o envelhecimento e os limites do amor entre amigas.
Mesmo sem a indicação ao Oscar — uma ausência sentida por muitos —, o filme já é considerado um marco na carreira do diretor e uma das produções mais relevantes do cinema em 2024. Agora disponível para o público no conforto do lar, O Quarto ao Lado promete tocar o coração de quem busca uma história profunda, dolorosa e, ao mesmo tempo, cheia de beleza.
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