Alimentos cardioprotetores são comidas que ajudam a reduzir o risco de doenças que afetam o coração e o resto do sistema cardiovascular, como hipertensão, arritmias e infartos.
E, nesse sentido, a dieta brasileira não deixa nada a dever para a famosa dieta mediterrânea.
Em linhas gerais, a dieta cardioprotetora prevê o preparo de refeições utilizando ingredientes da maneira mais próxima como são encontrados na natureza.
“Descascar mais e desembalar menos”, como defende a chef Rita Lobo, uma entusiasta da alimentação saudável.
A orientação é evitar alimentos exageradamente industrializados, principalmente os ultraprocessados, como comidas prontas para microondas, salgadinhos, embutidos, biscoitos e molhos prontos.
Grandes vilões
Também é fundamental prestar atenção a quantidade e é o tipo de gordura açúcar e sal.
O consumo exagerado de sal está diretamente ligado ao aparecimento de hipertensão crônica. A recomendação é ingerir no máximo 6 gramas por dia.
Já o açúcar aumenta o risco de diabetes, além de provocar inflamações, principalmente no sistema digestivo.
Os óleos, independentemente da sua matéria-prima, estão relacionados ao aumento dos índices de colesterol ruim.
Prato brasileiro
A nutricionista Henilda Lara, coordenadora de projetos do Hospital do Coração (HCor), explica que o prato da refeição de cada dia deve seguir a mesma lógica da bandeira brasileira: a maior área deve ser ocupada por alimentos do grupo verde, seguido pelos grupos amarelo e azul. Já o grupo vermelho, que inclui os alimentos ultraprocessados, deve ser expressamente evitado.
Grupo verde
- Verduras (alface, repolho, couve, brócolis, espinafre, agrião)
- Frutas (banana, abacaxi, maçã, uva, limão, manga, morango, mexerica, laranja)
- Legumes (cenoura, tomate, chuchu, maxixe, abóbora, beterraba, abobrinha, berinjela)
- Leguminosas (feijão, soja, ervilha, lentilha)
- Leite e iogurtes sem gordura (desnatados ou semidesnatados)
Grupo amarelo
- Pães (francês, caseiro, de cará, integral)
- Cereais (arroz branco e integral, aveia, granola, linhaça)
- Macarrão
- Tubérculos cozidos (batata, mandioca, mandioquinha, inhame, cará)
- Farinhas (mandioca, tapioca, milho, rosca)
- Oleaginosas (castanha-do-Brasil/Pará, caju, nozes)
- Óleos vegetais (soja, milho, azeite)
- Mel, goiabada, doce de abóbora, cocada, geleia de frutas
Grupo azul
- Carnes (de boi, porco, frango e peixe)
- Queijos brancos e amarelos
- Ovos
- Manteiga
- Doces caseiros (pudim, bolos, tortas, mousses)
- Leite condensado
- Creme de leite
Grupo vermelho
- Macarrão instantâneo
- Salgadinhos de pacote
- Biscoitos e bolachas
- Embutidos (presunto, mortadela, salame)
- Sucos industrializados (em pó ou em caixinha)
- Refrigerantes
- Linguiça e salsicha
- Nuggets, hambúrguer congelado
- Achocolatado em pó
- Refeições congeladas industrializadas (ex: lasanha)
- Molhos industrializados (ketchup e mostarda)
- Sorvete (massa ou picolé)
- Farinha láctea
Dieta brasileira
A nutricionista destaca que com ingredientes tipicamente brasileiros é possível preparar refeições extremamente saudáveis, como a aclamada dieta mediterrânea. Ela cita como exemplo as nozes, que são ricas em gorduras poli-insaturadas (boas), e podem ser substituídas pela castanha do Pará ou o amendoim. Além do típico feijão com arroz —que oferece uma excelente combinação de proteínas, carboidratos e fibras — ela recomenda também o consumo de frutas e verduras da época.
Projeto em Santos
Em Santos, uma parceria da Secretaria de Saúde com o HCor busca orientar a população sobre os alimentos cardioprotetores. O projeto utiliza um manual com informações que organiza os alimentos em grupos, cada um levando uma cor da bandeira do Brasil.
A cartilha completa está disponível para download no site do Ministério da saúde: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_cardioprotetora.pdf.
Estima-se que, pelo menos, 400 mil pessoas venham a óbito por doenças cardiovasculares ao final de cada ano no Brasil, o que significa uma morte a cada um minuto e meio.
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Confira a entrevista com a nutricionista Henilda Lara, coordenadora de projetos do Hospital do Coração; e a enfermeira Rafaella Pitol, chefe da Seção de Formação da Secretaria de Saúde de Santos.