Há alguns anos, conta o escritor Malba Tahan, uma pitoresca aldeia da Suíça foi destruída pelo fogo. Em poucas horas, as lindas casas foram devoradas pelas chamas. Tudo
ficou reduzido a escombros. Passado o furor do incêndio, um dos moradores ficou tomado de grande desespero. Sua
casa estava por terra, totalmente destruída. Nada lhe havia sobrado. Nem roupas, nem móveis, sequer algumas paredes. Tudo jazia por terra.
Pior, das suas vacas, que eram o seu sustento, não havia rastro em lugar algum. Para cúmulo da desgraça, o seu filho, de apenas 7 anos, estava desaparecido. O pobre homem se pôs a chorar. Nenhuma palavra de conforto o podia acalmar. Sentou- se sobre as ruínas do seu lar e passou toda a noite tristemente.
Quando surgiu a madrugada, os primeiros raios de sol romperam as trevas e o vieram encontrar ainda ali, sentado, inconsolável. Parecia ter envelhecido dez anos, em apenas uma noite.
Então, um som bem conhecido o fez erguer a cabeça e olhar na direção de onde o vento lhe trazia a boa notícia. Lá estava ela, vindo pela estrada, a sua vaca favorita. Atrás dela, todas as outras e, por fim, seu filho querido. Correu, abraçou o menino, entre lágrimas de pura alegria.
-Meu filho, como você conseguiu escapar do incêndio?
-Muito simples -falou a criança. -Quando vi o fogo, reuni as vacas e as levei para o campo, bem distante, a fim de que nada sofressem.
-Você é um herói -exclamou o pai.
-Claro que não pai, eu apenas levei as vacas para o campo somente porque vi que elas estavam em perigo. Sabia que era a única coisa acertada a fazer.
[com base em texto de Malba Tahan, livro de Allan Kardec e da Red. do Momento Espírita]
Assim agem as pessoas verdadeiramente virtuosas. Não alardeiam suas virtudes, mas praticam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmas. Deixam-se guiar por suas inspirações e estão sempre aptas a grandes gestos, em favor dos demais, sem aguardar elogios.
Os que assim agem, ignoram mesmo que são virtuosos. Neles se encontram as qualidades da verdadeira virtude: são bons, caritativos, laboriosos, sóbrios e modestos. A sublimidade da virtude, porém, está no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem pensamento oculto.
A mais meritória de todas elas, é aquela que se baseia na caridade mais desinteressada.
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