Significados do Judaísmo

A Torá e suas principais traduções

09/08/2023
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Quando a maioria das pessoas pensa na Torá, elas provavelmente imaginam o pergaminho lido toda semana na sinagoga. Mas esse pergaminho, que consiste nos primeiros cinco livros da Bíblia hebraica, é apenas parte do que os judeus querem dizer quando se referem à Torá.

O pergaminho lido na sinagoga consiste nos primeiros cinco livros da Bíblia Hebraica – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Juntamente com os últimos livros dos Profetas e dos Escritos – 24 livros ao todo – esta é a Bíblia Hebraica, também conhecida como Torá Escrita, ou Torá she-bich’tav em hebraico.

Mas há outra Torá, conhecida como Torá Oral – ou Torá she-ba’al peh. A Torá Oral refere-se às obras posteriores do período rabínico – mais proeminentemente a Mishná e a Guemará, conhecidas conjuntamente como Talmud – que explicam e expõem os estatutos registrados na Torá Escrita.

Os judeus acreditam que os textos da Torá que lemos hoje são os mesmos dados a Moisés e ao povo de Israel por Deus. Os estudiosos acreditam que a palavra de Deus e a história do povo judeu foram impressas nas mentes dos israelitas no Monte Sinai.

Ao longo dos anos, à medida que a tradição oral foi transmitida e eventualmente escrita, muitas disparidades surgiram, já que incontáveis escribas escreveram numerosos pergaminhos.

Depois de serem exilados de Israel, e serem espalhados, muitos judeus entenderam a importância de criar um único texto da Torá. Essa uniformidade permitiria a consistência da fé judaica fora da terra de Israel. Estudiosos e escribas específicos foram escolhidos para essa tarefa, esses homens foram chamados de massoretas. Massoretas deriva seu nome da palavra “masorah” que significa “tradição”; seu objetivo final era defender as tradições do povo judeu. Os massoretas tiveram que decifrar a autêntica palavra de Deus e eliminar as diferenças.

Entretanto, antes disso, havia já uma versão da Torá traduzida para o grego. De acordo com uma lenda preservada, a tradução Septuaginta da Bíblia foi encomendada por Ptolomeu II Filadelfo do Egito, para que ele tivesse uma cópia do livro de leis judaicas em sua famosa biblioteca de Alexandria. Nesta empreitada, o rei Ptolomeu II reuniu 72 anciãos e os colocou em 72 quartos, cada um deles em um quarto diferente, sem revelar a eles por que foram convocados. Ele entrou no quarto de cada um e disse: “Escreva para mim a Torá de Moshe”. Os tradutores fizeram seu trabalho e, no final, descobriu-se que as 72 traduções eram iguais.

O fato é que a tradução chamada Septuaginta é uma tradução judaica do terceiro século AEC, destinada aos judeus da diáspora no Egito, cuja língua era o grego, e que não entendiam mais o hebraico. É a primeira tradução conhecida da Torá.

Mais tarde, a primitiva Igreja Cristã adotou a Septuaginta como divinamente inspirada e esta versão tornou-se a base da tradução latina conhecida como Vulgata. A Igreja cristã usava os textos gregos, já que o grego era a língua franca do Império Romano na época.

A Septuaginta contém vários livros que não estão na Bíblia Hebraica, mas com base em sua inclusão nesta tradução, esses livros também foram incluídos na versão latina.

Ainda que fosse originalmente uma tradução judaica, a Septuaginta foi preservada apenas em fontes cristãs, e a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Oriental incluem a maioria dos livros da Septuaginta em seus padrões. Na realidade, os primeiros cristãos gentios usavam a Septuaginta por necessidade, já que era a única versão grega da Bíblia e a maioria (se não todos) desses primeiros cristãos não sabia ler hebraico.

Vários fatores levaram a maioria dos judeus a abandonar a Septuaginta, por volta do segundo século EC. Um dos motivos foi a associação da Septuaginta com uma religião rival, podendo ter se tornado suspeita aos olhos da nova geração de judeus e seus sábios.

Talvez o mais significativo repúdio à Septuaginta foi que a tradução começou a perder a sanção judaica, depois que diferenças entre ela e as Escrituras Hebraicas contemporâneas foram sendo descobertas.

Embora a Septuaginta pareça ter sido amplamente aceita pelos judeus do período do Segundo Templo, ela foi vastamente rejeitada pelo judaísmo rabínico dominante, por várias razões. Primeiro, a Septuaginta difere dos textos originais hebraicos em muitos casos (particularmente no Livro de Jó). Em segundo lugar, as traduções, às vezes, pareciam demonstrar uma ausência de conhecimento do uso idiomático do hebraico.

Buscando uma tradução mais fidedigna, surgiu a versão massotérica.

O texto massorético (do hebraico masoreth, “tradição”), é o texto hebraico tradicional da Bíblia judaica, meticulosamente reunido e codificado. Esta obra foi iniciada por volta do século 6 DC e concluída no século 10, por estudiosos das academias talmúdicas da Babilônia e da Terra de Israel, em um esforço para reproduzir, tanto quanto possível, o texto original da Torá. A intenção deles não era interpretar o significado das Escrituras, mas transmitir às gerações futuras a autêntica Palavra de Deus. Para esse fim, reuniram manuscritos e pesquisaram todas as tradições orais disponíveis.

A tradução resultante deste trabalho mostra que cada palavra e cada letra foi verificada com cuidado. Visto que os textos tradicionalmente omitiam as vogais na escrita, os massoretas introduziram sinais vocálicos para garantir a pronúncia correta.

Quando a codificação final de cada seção era concluída, os massoretas não apenas contavam e anotavam o número total de versículos, palavras e letras no texto, mas também indicaram qual versículo, qual palavra e qual letra marcava o centro do texto. Desta forma, qualquer retificação futura poderia ser detectada.

O cuidado dado ao texto massorético, em sua preparação, é fruto da consistência encontrada nos textos hebraicos daquela época.

O texto massorético é universalmente aceito como a autêntica Bíblia Hebraica.

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