Esportes

A ópra-bufa da CBF

05/01/2024
rafael ribeiro cbf

No século passado, muita gente usava essa expressão italiana, “ópera-bufa”, para definir situações extremamente ridículas, recheadas de episódios grotescos, em que o bom-senso saía completamente destroçado.

Não consegui encontrar expressão melhor do que essa para definir o quadro atual da CBF.

A história já começa torta. A justiça do Rio de Janeiro afastou o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues. Considerou inválido um Termo de Ajustamento de Conduta entre o Ministério Público do Estado e a CBF para reforma do estatuto, incluindo as regras de eleição dos cartolas. Nem justiça nem MP, estaduais, deveriam ter se metido nas questões de uma entidade de abrangência nacional.

O PC do B entra nessa patacoada com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, no Supremo, contra essa decisão. O argumento alegado não é uma cláusula da Constituição: é o risco do país ficar fora de competições como o pré-olímpico. Isso porque a Fifa exclui dos campeonatos os países em que a justiça comum interfere em assuntos referentes ao futebol.

E, nesta semana, o ministro do STF Gilmar Mendes concede a liminar ao PC do B e reconduz ao cargo o cartola afastado. A decisão definitiva vai ser votada no plenário.

Na gestão do Ednaldo, o secretário-geral era Alcino Reis Rocha, ligado ao PCdoB, que agora também vai ser reconduzido ao posto. Esse o verdadeiro interesse do partido.

E o presidente reconduzido é o tal que fez o futebol brasileiro pagar um mico internacional no caso do treinador Carlo Ancelotti, o que foi sem nunca ter sido. Ednaldo anunciou em 2023 Ancelotti como treinador da seleção brasileira a partir de junho/24 sem combinar nada com ele. O italiano, que nunca confirmou essa balela, renovou o contrato com o Real Madrid na semana passada e desmascarou a farsa.

E ai Ednaldo volta dizendo que a prioridade é a contratação de um treinador, como se não tivesse acontecido nada.

Agora é aguardar os próximos capítulos.