Fronteiras da Ciência

A maneira de dizer as coisas

10/07/2014
A maneira de dizer as coisas | Jornal da Orla
Certa vez um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes.
Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse o seu sonho:
-Que desgraça, senhor! -exclamou o adivinho    -cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
-Mas que insolente – gritou o sultão, enfurecido -como te atreves a dizer-me tal coisa? Fora daqui!
Chamou os seus guardas e lhe ordenou que lhe dessem cem açoites.
Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho. Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
-Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. E quando este saia do palácio, um dos guardas lhe disse admirado:
-Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque o primeiro ele pagou com cem açoites e a você com cem moedas de ouro.
-Lembra-te meu amigo – respondeu o adivinho – que tudo depende da maneira de dizer.