Durante a pandemia de Coronavírus, possivelmente a grave que o mundo enfrentou desde o início do século XX, além dos desafios urgentes de saúde pública e da área médica em si, foi necessário combater outro mal: o da desinformação.
Em um mundo polarizado e assustado pela pandemia, o viés político emergiu como um componente desafiador, trazendo à tona a propagação de informações falsas. Para o médico e professor Dr. José Cássio de Moraes, do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a chave para essa questão está na aliança entre educação e saúde. “A educação é o local onde as pessoas adquirem conhecimentos e formam suas crenças. Então a saúde tem que trabalhar lado a lado [com a educação] para formar uma população consciente dos seus deveres e principalmente dos seus direitos. E a vacina é um direito que a população deve exigir”, afirma o especialista.
Vivendo no período pós-pandêmico, em que foi decretado o término do estado de emergência pública, o coronavírus continua circulando e a Covid-19 ainda causa mortes. Encaramos uma baixa nas coberturas vacinais em diversas faixas etárias, influenciada por diversos fatores. Durante o período de quarentena, muitas pessoas deixaram de comparecer aos postos de vacinação para atualizar suas cadernetas. Além disso, o medo, intensificado por informações falsas sobre as vacinas, circulou de forma acentuada no período crítico da pandemia no Brasil, mais do que em muitas outras regiões do mundo. Infelizmente, a desinformação continua a circular e contribui para a baixa cobertura vacinal.
Instituições científicas como a Organização Mundial da Saúde, a Organização Pan-Americana da Saúde e o próprio Ministério da Saúde, continuam trabalhando em favor da vacinação como ferramenta de saúde pública, realizando pesquisas e estudos baseados na ciência. “A vacina comprovou uma redução importante nas doenças imunopreveníveis por ela, já conseguimos eliminar a pólio, que tanto afetava crianças anos atrás, como reduziu bastante o sarampo e outras doenças”, complementa José Cássio.
Ressalta-se que organizações bem-intencionadas, assim como grupos mal-intencionados, utilizam os meios modernos de comunicação. Nesse cenário, as informações falsas ganham ainda mais influência, especialmente entre grupos que, mesmo sem intenções prejudiciais, inadvertidamente reproduzem e compartilham conteúdos equivocados na internet. Nos casos mais preocupantes, esses grupos acabam acreditando e reproduzindo informações enganosas desprovidas de fundamentos científicos. José Cássio de Moraes acredita que, por isso, “é importante a união entre a educação e a saúde, não só para a área de vacina, mas também sobre saúde mental e outras causas”, finaliza.