O apagão nas redes comandadas por Mark Zuckerberg (Facebook, Instagram e WhatsApp) na segunda-feira (4) provocou prejuízos financeiros em muita gente que usa as plataformas para trabalhar, mas também evidenciou um problema social que afeta muita gente — e não se sabe exatamente quantas.
A abstinência por não usar redes sociais é um problema identificado em 2008 por um estudo feito na Inglaterra pelo Instituto YouGov, que resultou numa denominação: nomofobia. Deriva da expressão “no mobile” fobia, ou seja, medo de ficar sem celular.
A coisa é mais grave do que parece. Outro estudo, da Universidade Estadual de São Francisco revelou que o uso constante das redes sociais aciona gatilhos neurológicos que estimula a produção de dopamina (neurotransmissor que provoca a sensação de prazer). A mesma pesquisa indicou que o vício em redes sociais forma conexões neurológicas parecidas com as viciados em opiáceos como a heroína.
Assim, a falta de uso gera desconfortos físicos, não apenas emocionais. Além de sentir irritação e ansiedade, a pessoa pode sofrer dor de cabeça, falta de ar, tontura, tremores, náuseas, sudorese, dor no peito e aceleração da frequência cardíaca.
Sinais de alerta
• Ansiedade se fica muito tempo sem usar o celular;
• Fazer várias pausas no trabalho para utilizar o celular;
• Nunca desligar o celular, mesmo para dormir;
• Acordar no meio da noite para verificar o celular;
• Carregar frequentemente o celular para garantir que se tem sempre bateria;
• Ficar muito chateado quando se esquece o celular em casa;
• Verificar o telefone frequentemente para ver se tem notificações;
• Ansiedade quando está em um ambiente sem sinal de internet;
• Levar o carregador de telefone para todos os lugares por medo da bateria acabar.
Você tem um problema se no apagão:
• Ficou parado olhando para o celular sem saber o que fazer”.
• Entrou nos aplicativos constantemente para ver se haviam voltado
• Ficou irritado/agoniado/impaciente
• Teve impressão de receber notificação
Como evitar a nomofobia:
• Estabeleça horas certas para uso prolongado
• Desligue o celular antes de deitar para dormir.
• Não utilize o smartphone enquanto conversa com amigos/familiares presencialmente.
• Durante viagens, estipule um horário fixo e, de preferência, com curta duração, para atualizar as redes sociais e ficar por dentro das novidades.
• Mantenha contas separadas para sua vida pessoal e profissional em redes sociais.
• Pratique atividades externas, como esportes, danças ou idas ao shopping ou parques. Converse pessoalmente com os amigos
• Em momentos de tédio, evite usar o smartphone para distração. Procure outras formas de entretenimento, como praticar um instrumento musical, escrever ou desenhar.
Brasil campeão
O brasileiro é quem fica mais tempo conectado às redes sociais no mundo. Relatório anual da App Annie (empresa que estuda o mercado digital), mostra que em 2021 o Brasil superou a Indonésia e passou a ter a maior média de horas conectadas por habitante: 5,4 horas por dia. A quantidade de tempo vem aumentando: em 2019 eram 3,8 horas por dia e em 2020, 4,8 horas por dia.
O Brasil tem 130 milhões de contas cadastradas no Facebook, 127 milhões no Youtube, 120 milhões no WhatsApp e 110 milhões no Instagram.
