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Dica da semana: O Esquadrão Suicida

14/08/2021
Dica da semana: O Esquadrão Suicida | Jornal da Orla

Esqueçam o assombroso filme de 2016 estrelado por Will Smith e dirigido por David Ayer. Mesmo após cinco anos de seu lançamento, o Esquadrão Suicida de 2016 ainda é lembrado como um filme terrível. E com razão. Após uma série de circunstancias improváveis, eis que a WARNER BROS concedeu carta branca para o diretor James Gunn fazer o que lhe desse na telha com o grupo de anti-heróis da DC COMICS e entregar uma obra anárquica, divertida e surpreendentemente tocante, adjetivos que já viraram sinônimo para o famoso diretor de Guardiões da Galáxia. Em um espetáculo criativo e ultraviolento, James Gunn chuta todos os baldes possíveis e imaginários em uma aventura grotesca, divertida e por vezes, adorável. Tudo na mesma medida. E, embora o fato de trazer uma nova versão de um filme tão recente gerasse desconfiança tanto do público quanto do estúdio, este novo O Esquadrão Suicida prova que uma segunda chance, às vezes, vai muito bem.

Liderados por Sanguinário (Idris Elba), Pacificador (John Cena), Coronel Rick Flag (Joel Kinnaman), e pela psicopata favorita de todos, Arlequina (Margot Robbie), o Esquadrão Suicida está disposto a fazer qualquer coisa para escapar da prisão. Armados até os dentes e rastreados pela equipe de Amanda Waller (Viola Davis), eles são jogados (literalmente) na remota ilha Corto Maltese, repleta de militantes adversários e forças de guerrilha. O grupo de supervilões busca destruição, mas basta um movimento errado para que acabem mortos. Trazendo uma óbvia influência de obras como "Os Doze Condenados" de 1967, James Gunn abre seu filme com um verdadeiro desfile de sangue e violência em uma ótima sequencia na praia, mas também aproveita o tempo para desenvolver seus excêntricos personagens e as relações entre eles com reviravoltas tão escandalosas e com ritmo tão fluido, que o sentimento do público com o filme é de que tudo pode acontecer, fator que favorece demais o longa. A sensação de perigo iminente e risco aos personagens criada pelo diretor é palpável, fazendo com que o público torça por aqueles vilões, sem conseguir prever quem vive ou quem morre. O diretor intercala cenas extremamente divertidas e "idiotas" para momentos de tensão e drama, sendo que tudo isso é feito de uma forma natural sem que sentíssemos o peso nessas transições. O diretor mostra ter pleno controle em todas as cenas e, em meio a toda a carnificina que ocorre em tela, conseguimos compreender o que está acontecendo, algo raro em produções desse gênero. Evitando que essas cenas se tornem confusas ou poluídas, Gunn apresenta sequencias bastante diferentes entre si, como a já citada introdução na praia, assim como batalhas contra exércitos, uma hilária e violenta invasão a um acampamento e até uma luta contra uma estrela do mar gigante, em uma das melhores sequencias do longa onde vemos a evolução da sinergia de todo o esquadrão trabalhando juntos.

O roteiro, também assinado por Gunn, faz questão de destacar o quão cada personagem é bizarro e o quanto a idéia de juntar um bando de malucos para invadir uma república na América do Sul é absurda. O resultado é puro deleite e bizarrice, levando em consideração que essas bizarrices incluem lançamento de confetes coloridos e inflamáveis e controle de ratazanas. Um dos grandes acertos deste roteiro é tratar estes personagens como vilões e com atitudes questionáveis e potenciais ameaças até para membros da equipe, sem deixar de humanizá-los dando motivações e camadas interessantes quando alguns deles tem alguma atitude nobre.

Finalmente, Idris Elba ganha o destaque merecido no cinema como o líder Sanguinário, dando uma personalidade própria e mais séria ao personagem e mostrando um excelente timing cômico com uma disputa entre o personagem do Pacificador de John Cena, o qual rende momentos hilários. Já Margot Robbie como Arlequina se mostra mais uma vez totalmente à vontade no papel, ao passo que Daniela Melchior mostra-se o grande destaque como a Caça Ratos II, o coração que une o Esquadrão.

O Esquadrão Suicida é repleto de violência, personalidade, membros decepados e diversos personagens carismáticos que farão parte da cultura pop e essa mistura de elementos discrepantes tinha tudo para ser uma bagunça, mas com a sensibilidade certa, acabou se tornando um dos blockbusters mais divertidos dos últimos anos. 

Curiosidades:  Para evitar vazamento de informações sobre o longa-metragem, todos os funcionários do set de filmagens foram impedidos de usarem o celular durante a produção.