Dan Philip Stulbach é uma das celebridades mais famosas do Brasil, que tem orgulho de suas raízes judaicas.
É o primeiro membro de uma pequena família de imigrantes judeus poloneses a nascer no Brasil. Tem apenas uma irmã, que é nutricionista e mãe de seu único sobrinho. Em casa, cresceu ouvindo a língua polonesa e as histórias que o avô lhe contava sobre a vida na Polônia, devastada durante a Segunda Guerra Mundial.
Nascido em 26 de Setembro de 1969, Dan é filho de pais poloneses que vieram ao Brasil após a Segunda Guerra, onde se conheceram e casaram.
Sua mãe, Ewa Parszewska Stulbach, arquiteta e tradutora, era de uma família muito rica na Polônia, que foi dizimada quando a guerra começou. Todos os bens foram confiscados, o pai dela morreu.
Entretanto, sua avó materna conseguiu fugir de Varsóvia e, grávida, deu à luz a sua filha Eva embaixo de uma árvore.
As duas encontraram refúgio em uma aldeia que hoje fica na Ucrânia.
O caminho de seu pai, o engenheiro Joseph Stulbach, já foi bem diferente.
Sua família é originária de uma aldeia pequena perto de Cracóvia, uma família de 11 irmãos.
Durante a guerra foram transferidos para o gueto, mas conseguem viver escondidos em um sótão, durante anos.
Na época, seu pai tinha sido adotado por uma família católica. Só que ele fica doente e sua avó traz o menino pro sótão, com 2 anos de idade.
Foi na Universidade do Mackenzie que os dois se conheceram.
Na infância, Stulbach já mostrava levar jeito para criar histórias e interpretar.
O primeiro contato com o teatro foi na escola, no Colégio Rio Branco, em que participava de várias peças e ficou encantado com o palco.
Dan diz: “Acho que eu tinha muito pra dizer, pra expressar, e não sabia como. Aí, quando eu entro num grupo de teatro da escola tudo muda. Achei perfeito, conseguir falar através de um personagem. Foi lindo. E foi involuntário, uma surpresa, um susto. Descobri isso de repente, no último ano escolar. Foi quase sem querer, como diz a Legião Urbana.”
Com a preocupação típica de uma família judaica, os pais do ator insistiam para que tivesse uma profissão que desse mais segurança e estabilidade.
Seu pai havia começado no Brasil sem dinheiro, virou engenheiro e sempre foi o estilo de pai provedor.
Stulbach prestou vestibular – e foi aprovado – em Medicina, Administração e Engenharia. Cursou um ano a faculdade de Engenharia, mas acabou por se formar em Comunicação Social, na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). Também frequentou a Escola de Arte Dramática da USP.
Na ESPM, criou o grupo de teatro Tangerina, que existe até hoje. Durante oito anos dirigiu espetáculos do grupo, que venceu diversos festivais de teatro amador.
Interessado em estudar inglês, Dan Stulbach viajou para San Diego e Nova York, nos Estados Unidos. Para pagar o curso, trabalhou como pipoqueiro e em bilheterias de cinema.
Na volta ao Brasil, passou a se dedicar ao teatro, dando também aulas para crianças, adolescentes e idosos.
Dan teve uma longa relação com a Globo, mais de 12 anos. Começou fazendo uma oficina de atores.
Depois de quatro anos, o ator decidiu abrir mão de contrato.
Stulbach diz: “Eu nunca quis ter uma relação corporativa com nenhuma empresa na minha vida. Tenho dificuldade com pertencimento em qualquer área. Isso porque muitas vezes pode ser improdutivo, desestimulante, ficar acomodado. Estar na emissora foi ótimo, sensacional. Quando decidi abrir mão do contrato, essa discussão vinha e voltava.”
Apesar de ser ator, diretor, apresentador, comentarista esportivo, jornalista, Dan Stulbach se define primordialmente como ator, mesmo com a dificuldade de ter esta identidade, por razões familiares.
Em 2003, Stulbach teve uma grande alavanca em sua carreira ao interpretar Marcos, na novela Mulheres Apaixonadas de Manoel Carlos.
Marcos era um homem violento e controlador, que sempre chegava a agredir sua mulher, Raquel, interpretada por Helena Ranaldi.
Na época da novela, Dan e Helena Ranaldi foram a Brasília visitar o então presidente, como um incentivo de mudar a lei da violência contra a mulher, assunto abordado entre os personagens dos dois atores na trama.
Em 2006, Dan começou a apresentar a atração Fim de Expediente, na rádio CBN.
No final de 2014, assinou contrato com a Band e, durante todo ano de 2015, comandou a bancada do CQC, atração que chegou ao fim em dezembro daquele ano.
Dan tem em seu currículo dezenas de novelas, peças de teatro e alguns filmes, tendo recebido um sem número de prêmios.
Apaixonado por esportes, ele já fez parte do time de comentaristas do canal ESPN, inclusive na Copa de 2014.
Torcedor fanático do Corinthians, o ator sempre foi alucinado por futebol e tem o saudoso Sócrates (1954-2011) como ídolo.
Antes de escolher a carreira artística, seu sonho era ser um craque dos gramados.
A família de Dan festeja Rosh Hashaná, Yom Kippur, Pessach. Ele é, culturalmente, muito ligado a isso.
Entretanto, afirma não ser religioso no sentido de conhecer as rezas. Nem sua família o é.
Sempre disposto a abordar sua criação judaica e sempre presente em atos de nossa comunidade, quando julga pertinente, Dan Stulbach é o exemplo de uma celebridade discreta, que guarda suas raízes.