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Bolsonaro praticou estelionato eleitoral, afirma Júnior Bozzella

05/06/2021
Bolsonaro praticou estelionato eleitoral, afirma Júnior Bozzella | Jornal da Orla

Apoiador de Jair Bolsonaro quando sua candidatura a presidente era tratada como piada de mau gosto, o deputado federal Júnior Bozzella (PSL) é hoje um dos mais ácidos críticos do governo federal. Ele avalia que Bolsonaro enganou milhões de brasileiros e cometeu estelionato eleitoral. O parlamentar acrescenta que o governo Bolsonaro é negacionista e sua atuação no enfretamento da pandemia é nula. Confira a entrevista que o deputado concedeu, em visita à Redação do Jornal da Orla:
 

Como o senhor vê o momento político que o Brasil vive?
Júnior Bozzella-
Uma crise sem precedentes, com um governo que não tem responsabilidade não conseguiu coordenar essa crise, dividindo responsabilidades, se omitindo, e muitas vezes com dolo. Um presidente que se alimenta do caos, do ódio, das intrigas, das teorias de conspiração, e pensa todo o momento em seu projeto de poder, o seu projeto familiar e de reeleição, fazendo com que a sociedade brasileira fique em segundo plano. 

 

O senhor apoiou Bolsonaro desde no primeiro momento. Em que momento se deu esta ruptura?
Bozzella-
Ajudei Bolsonaro assim como 57 milhões de brasileiros. A gente vivia um momento antipetista, eu nunca fui bolsonarista. Eu já estava no PSL um ano e meio antes de ele chegar. Eu tinha 50 mil votos para deputado estadual em 2014, o PSL não tinha nenhuma perspectiva de poder e eu vim por acreditar num projeto. Quando Bolsonaro veio, nós abraçamos a candidatura dele, como a sociedade brasileira, depois da facada, começou a abraçar. Eu fui ridicularizado, as pessoas me chancelaram de racista, misógino, homofóbico, de todas aquelas características que imputavam ao presidente. Nós entendíamos que ali seria um momento de transformação, de combate ao sistema, ao fim do “toma-lá-dá-cá”, um processo que o Centrão tinha tomado conta. E no final das contas, quando iniciou o governo, percebi que aquilo tudo era só discurso, e não prática. Houve uma ruptura com o combate à corrupção, o fim da Lava Jato. Era mais importante entregar filé mignon aos filhos do Bolsonaro do que aos filhos dos demais brasileiros. Não era um projeto de nação e sim um estelionato eleitoral e nos frustrou.

 

 

O senhor acredita numa terceira via à polarização Bolsonaro-Lula?
Bozzella-
Acredito e estou trabalhando por ela. Um Bolsonaro nos faz refletir que Temer ou Lula não tenham sido maus presidentes. Eu trabalho por uma alternativa, pelo amadurecimento da sociedade brasileira, no sentido de busar um quadro mais moderado, equilibrado. 

 

Como o senhor avalia a CPI e a atuação do governo Bolsonaro no combate à pandemia?
Bozzella-
A atuação é nula. É um governo negacionista, que não se preocupou em gerenciar a crise, não comprou vacinas, isso está mais do que claro. Em vez do patrocinar a compra de vacinas, patrocinou a compra da cloroquina, que não eficácia nenhuma. A CPI está servindo para tirar essa discussão das sombras e dar uma transparência maior para a sociedade brasileira, para que a gente não começa os mesmos equívocos em 2022, na hora que a gente tiver que escolher um novo presidente da República.