
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é, provavelmente, uma das doenças mais prevalentes no mundo que compromete significativamente a qualidade de vida.
Sua incidência no Brasil é de 12%, o que corresponde a 20 milhões de indivíduos.
Trata-se de uma doença digestiva em que os ácidos presentes dentro do estômago voltam pelo esôfago ao invés de seguir o fluxo normal da digestão. Esse movimento é conhecido como refluxo e irrita os tecidos que revestem o esôfago, causando os sintomas típicos como azia, tosse e dor no peito.
Para falar melhor sobre esse assunto eu convido a Dra Flávia Gerbi, médica gastroenterologista e endoscopista (CRM:70.620-SP):
CONCEITO:
É a condição que se desenvolve quando há o retorno do conteúdo do estômago e duodeno com ácido e sais biliares para o esôfago e ou outros órgãos, com ou sem lesão.
Conceituada como afecção crônica decorrente do fluxo retrógado de parte do conteúdo gastroduodenal, acarretando vários sintomas esofagianos e ou extra esofagianos. É uma patologia que exige mudança de estilo de vida.
O número de pacientes com doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é subestimado, pois um grande contingente tem sintomas ocasionais e não se medica e outro se automedica.
O mecanismo desencadeante, mais importante, dos eventos de refluxo, é o relaxamento transitório espontâneo do esfíncter inferior do esôfago (EIE), onde há diminuição da pressão basal deste esfíncter.
MANIFESTAÇÕES:
Manifestações Típicas:
Pirose, que é dor torácica em queimação.
Regurgitação, processo passivo em que há o retorno de parte do conteúdo gástrico para o esôfago.
Manifestações Atípicas: pigarro, tosse crônica, dor torácica não cardíaca, erosão dentaria, glóbus faríngeos (sensação de ter algo preso na garganta), pneumonias de repetição, bronquite, rouquidão.
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico da DRGE se inicia com uma boa anamnese (história clínica) para identificar sintomas, frequência, duração e intensidade.
O exame de escolha é a endoscopia digestiva alta (EDA) para avaliarmos lesões causadas pelo refluxo, padrão ouro no estabelecimento de complicações (estenose, úlceras, esôfago de Barrett).
Métodos específicos como phmetria e impedanciophmetria são indicados para documentar a exposição do ácido no esôfago.
TRATAMENTOS:
O tratamento da DRGE se baseia em aliviar os sintomas, cicatrizar as lesões e prevenir complicações e pode ser dividido em clínico e cirúrgico:
TRATAMENTO CLÍNICO por sua vez se divide em medidas comportamentais e fármacos
– Medidas comportamentais: perder peso (quando estiver com sobrepeso), abandonar o fumo, mastigar bem os alimentos, elevar a cabeceira da cama, evitar refeições copiosas, evitar refeições 3 hs antes de deitar.
-Medidas Dietéticas: café, chá preto e mate, condimentos, bebidas gaseificadas, goma de mascar, alimentos ricos em gorduras, carminativos (hortelã, menta).
– Fármacos:
PROCINÉTICOS: (metoclopramida , domperidona , bromoprida)
HIPOSSECRETORES: (bloqueadores da histamina tipo 2- ranitidina, famotidina, entre outros ) e
INIBIDORES DA BOMBA DE PROTONS-IBP:(“prazois´´), promovem profunda inibição da secreção ácida.
TRATAMENTO CIRÚRGICO: este tratamento visa reduzir a exposição ácida ao esôfago. A preferência reside na correção por via laparoscópica e está indicada na falha do tratamento clínico.
Não pratique automedicação, procure um especialista.
Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço.
Deixe um comentário