Economia

Sem ajuda, empreendedores se afogam

20/03/2021
Sem ajuda, empreendedores se afogam | Jornal da Orla

Além de provocar mortes e deixar os sobreviventes com sequelas, a pandemia também atinge fortemente a atividade econômica. Mais uma vez, empresários, autônomos e pequenos empreendedores sofrem com a demora do governo federal em agir. 

Estados e municípios até podem promover ações neste segmento, mas o governo federal é o único ente federativo com a obrigação e capacidade financeira de oferecer as respostas necessárias.

Além do atraso na aquisição de vacinas, o governo federal demorou para aprovar o auxílio emergencial e ainda não anunciou quando exatamente o benefício será efetivamente pago — sem falar na redução do valor: quatro parcelas de R$ 150 para a maior parte dos beneficiados. 

Donos de bares, restaurantes, lanchonetes e similares sofrem de maneira particular, à medida em que continuam com despesas fixas como aluguel, contas de consumo e pagamento de salários, mas impedidos (devido ao risco sanitário) de funcionar plenamente. 

O governo federal demora mais uma vez para agir ao não acionar novamente o Plano Emergencial de Manutenção de Emprego e Renda (Bem), que permite a redução da jornada de trabalho e salário dos funcionários e suspensão temporário dos contratos de trabalho. 

Os empreendedores reivindicam também a retomada, com aperfeiçoamentos, do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), que no ano passado concedeu empréstimos a juros subsidiados. Em 2020, poucas empresas tiveram acesso a esta linha de crédito, devido à insuficiente quantidade de recursos destinada ao programa (foram R$ 15,9 bilhões para serem distribuídos entre os aproximadamente 6 milhões de empreendedores brasileiros — microempresas (Mês) e Empresas de Pequeno Porte (EPPs). O presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes (SInhores), Heitor Gonzalez, resume: “das mil empresas que estão mais próximas a mim na Baixada Santista, se vi dez conseguirem pegar dinheiro, foi muito”.

Do ponto de vista econômico, a perspectiva para os empresários (que também veem familiares e amigos serem internados ou mesmo morrerem) é péssima. O avanço da pandemia impede a flexibilização das restrições. Ao contrário, exige o endurecimento, na tentativa de evitar o colapso no sistema de saúde. 

Os empreendedores estão sem fôlego e, sem ajuda do governo federal, vão literalmente morrer afogados.