Significados do Judaísmo

Breichot Shelomo, a beleza e a história das piscinas do Rei Salomão

03/02/2021
Breichot Shelomo, a beleza e a história das piscinas do Rei Salomão | Jornal da Orla

Escondido perto da cidade árabe de al-Khader, a cerca de 20 minutos de Jerusalém, está um tesouro pouco conhecido. 

 
Lá, na estrada para Hebron, encontram-se três lendárias piscinas rodeadas por uma floresta de pinheiros.

 
As piscinas levam o nome do Rei Salomão, e há duas opiniões quanto à sua origem.

 
A primeira conclui que se trata de estruturas romanas, construídas pelo Governador de Roma, o Rei Herodes. 

 
Elas seriam uma fonte de água para o aqueduto que ligava Jerusalém a Belém e teriam transportado a água tão necessária para locais ao longo desta rota, culminando em seu destino final, o Monte do Templo. Também forneceriam o palácio de Herodes em Herodion.

 
A segunda opinião é que elas foram realmente construídas nos dias de Salomão. 

 
As piscinas têm o nome do bíblico Rei Salomão (por volta de 950 AEC) e estão ligadas à passagem do Livro do Eclesiastes 2.6: "Fiz para mim piscinas para regar a floresta de árvores em crescimento." 

 
Josefo, o historiador judaico-romano escreveu que Salomão apreciava a beleza do "Etham" rico em água (uma das fontes principais é chamada de Ein Eitam. 

 
As piscinas ficam próximas à antiga cidade de ?Ei?am (agora Khirbet al-Khua?) e da fonte conhecida como ?Ain ?Eitam. 

 
Diz a lenda que o rei construiu as piscinas para suas muitas esposas, para que elas pudessem se banhar em suas águas. 

 
A tradição data os reservatórios da época do Rei Salomão, embora a alvenaria de um dele e um aqueduto recentemente descoberto tenham sido datados do início do período romano. 

 
De acordo com Josefo, Salomão passava por este lugar ao andar em sua carruagem.

 
As Piscinas, consistindo em três grandes cisternas, estão situadas a várias dezenas de metros de distância, cada piscina com uma queda de cerca de 6 metros para a próxima. 

 
São retangulares ou trapezoidais em forma, parcialmente escavadas na rocha e parcialmente construídas, entre 118 e 179 metros de comprimento e 8 a 16 metros de profundidade, com uma capacidade total de bem mais de um quarto de milhão de metros cúbicos.

 
As piscinas faziam parte de um complexo sistema de água antigo. O sistema fornecia água para Jerusalém e para o Segundo Templo, bem como para a fortaleza de Herodium no deserto.

 
As escavações retangulares originais podem ter sido pedreiras. As piscinas eram alimentadas por dois aquedutos, por várias nascentes da zona rural do entorno, incluindo uma situada por baixo da piscina inferior, bem como pelas águas da chuva que desciam da serra. 

 
As piscinas serviam de armazenamento e distribuição, sendo que os dois aquedutos alimentadores transportavam água para as piscinas desde a serra ao sul. 

 
A água coletada era então distribuída por dois outros aquedutos que vão das piscinas ao norte até Jerusalém, além de outro que segue para o leste até o Herodium. Traços de todos os cinco aquedutos foram encontrados.
 

Abaixo da piscina do meio estão os restos da estação de bombeamento britânica que levava a água por cano para a Cidade Velha de Jerusalém. 

 
Durante o período otomano, a água das Piscinas Salomão chegava a Jerusalém por um tubo de argila de dez centímetros colocado em 1902, instalado para substituir dois antigos aquedutos. 

 


 
Abaixo da segunda piscina, a estação de bombeamento e os canos que transportavam a água ainda são visíveis hoje.
 

Ao lado das Piscinas de Salomão estão os restos do Castelo Otomano chamado Qal'at al Burak (cidadela das piscinas) ou Qal'atMurad. 

 
O castelo foi construído no século 17 pelo sultão turco Murad para proteger as piscinas, que eram uma fonte de água crucial na época.

 
O castelo serviu de quartel para os soldados turcos que guardavam as Piscinas de Salomão e para as caravanas comerciais entre Jerusalém e Hebron, bem como um posto de teste na rota local do hajj para Meca.
 

Por muito tempo, também foi usado como caravançarai, um tipo de estabelecimento do tipo estalagem, que se destinava a mercadores viajantes. 

 
Embora o Castelo Murad já tenha servido como base para soldados otomanos, agora abriga uma das maiores coleções etnográficas da história e cultura locais. O Museu do Castelo Murad possui mais de 1.500 artefatos preciosos.

 
Por 2.000 anos, a água fluiu destes três enormes reservatórios ao sul de Belém para o centro de Jerusalém. Hoje, as Piscinas de Salomão estão adormecidas, são apenas ruínas de uma maravilha da engenharia. 

 
Entretanto, um projeto dos EUA espera revitalizar as piscinas e transformá-las em um local turístico.

 
Atualmente, apenas uma das piscinas está cheia. Uma doação de US $750.000 do Departamento de Estado dos EUA pretende trazer o antigo sistema de água à sua antiga glória. 

 
Os fundos são designados para fazer reparos de emergência, proteger os canais entre as piscinas e criar trilhas seguras para os visitantes.

 
A água sempre fez parte da história humana dos residentes das colinas áridas ao redor de Jerusalém. As Piscinas de Salomão são um monumento, uma homenagem a essa história.