Um jornal gratuito entregue ao leitor religiosamente na manhã de todos os domingos, no conforto de seu lar. Uma ideia agradável ao público, ao anunciante e ao dono do negócio. Foi no dia 18 de novembro de 1973 que o empresário Clóvis Edward Hazar colocou literalmente na rua a ideia: 50 mil exemplares, entregues nos bairros da orla santista.
O sucesso foi imediato. Clóvis já tinha uma carreira bem sucedida na área de publicidade em São Paulo e era proprietário da Rádio Cacique de Santos. Idealizou o Jornal da Orla, inspirado no modelo do “Shopping News”, que circulava na capital paulista.
Numa época em que não havia emissoras de TV regionais e muito menos internet, os jornais impressos reinavam absolutos, e um veículo distribuído gratuitamente era um meio extremante eficiente para anunciantes e devorado pelos leitores.
Desde o início, o Jornal da Orla oferecia conteúdo interessante, mas seu vínculo com a cidade se estreitou ainda mais no início da década de 1990, quando Edison Carpentieri assumiu o comando do jornalismo e ampliou o espaço dedicado a assuntos locais.
No início dos anos 2000, Clóvis Hazar anunciou sua aposentadoria e Carpentieri assumiu a direção da empresa. Clóvis faleceu em 10 de março de 2013, em decorrência de um câncer.
Nestes 47 anos de existência o Jornal da Orla acompanhou as mudanças tecnológicas ocorridas no processo de produção. No início, os textos eram datilografados nas chamadas laudas (folhas com 20 linhas), que eram passadas ao diagramador. Após complexas contas, este profissional desenhava o esboço da página (diagrama), distribuindo os textos, títulos e fotos. Tudo era colocado em um malote e enviado para a gráfica em São Paulo.
Era um trabalho quase que artesanal. Os textos eram compostos em tiras com a largura das colunas e colados em uma imensa folha de papelão do tamanho de uma página de jornal —processo denominado paste-up. Em seguida, era preparado o fotolito (uma espécie de negativo gigante do tamanho da página do jornal), com o qual era feita a chapa a ser instalada na rotativa e, finalmente, ser impresso o jornal.
Com o advento da tecnologia, os processos passaram a ser informatizados: as máquinas de escrever saíram de cena e as páginas passaram a ser editoradas eletronicamente no computador. Nada mais de papel ou malote, os arquivos são transmitidos diretamente para a gráfica pela internet.
Mesmo com as inovações, o Jornal da Orla não abriu mão de um profissional que a grande maioria dos jornais dispensou assim que os processos foram informatizados: o revisor. Aurelindo Telles leu todas os textos, títulos e legendas publicados nos últimos anos, até setembro de 2018, quando decidiu se aposentar. Telles foi fundamental para evitar a publicação não apenas de erros de digitação, gramática ou composição, mas muitas vezes de informação.
Novos desafios
Com o aumento da importância da internet, o Jornal da Orla busca se posicionar investindo no meio digital, sem deixar de dar importância à versão impressa —uma tradição na cidade.
Em um momento que as chamadas Fake News representam uma grave ameaça à sociedade, o Jornal da Orla investe no que vem entregando nestas quase cinco décadas: informação de qualidade, aspecto visual agradável e, sobretudo, credibilidade.